domingo, 28 de janeiro de 2024

A crise sistêmica - cap. 37 - uma só crise

 

UMA SÓ CRISE

 

“Se todas as condições de uma Coisa estão presentes, então ela entra na existência.”
(Hegel, Ciência da Lógica - a Doutrina da Essência, 2017, p. 130)

 

Um observador atento percebe esta ou aquela forma de crise na sociedade contemporânea. Logo mais, vê que várias crises entram em curiosa sincronia: a crise ambiental, a queda da taxa de lucro, os ciclos do capital, etc. Todos caminham para um aprofundamento do caos na sociedade contemporânea com o ponto máximo das diferentes decadências algo próximo a meados deste século. Os limites cada vez mais absolutos aproximam-se.

A conexão externa guarda e expressa a conexão interna, pois é um mesmo processo que avança em diferentes formas de manifestação. O desenvolvimento da produção reduz a produção de valor (descoberta de Marx resgatada pelos teóricos da crítica do valor) e aumentam os meios “parasitários” de consumir o valor global, logo a consequência é a redução da taxa de lucro a níveis muito baixos. A queda desta leva à queda da taxa de juros. Por outro lado, a taxa de lucro decaindo empurra investimentos de curto prazo ao mercado financeiro. O desenvolvimento da produção, em parte forçado, alcança um patamar e uma forma – como o desperdício – que extrai do meio ambiente mais do que ele é capaz de repor, então acontece a crise ambiental; a queda da lucratividade pressiona, por exemplo, as empresas a desconsiderar medidas ambientais por causa de seus custos. O mesmo desenvolvimento produtivo, ao suprimir a produção de valor e ao derrubar a citada taxa de lucro, força a burguesia a adquirir novas formas lucrativas, parasitando o Estado ao privatizar e oferecer serviços, ao gerar empresas mercenárias no campo militar e o incremento da dívida pública. O impulso do capital por novas fontes lucrativas – uma fuga para frente – torna mais fácil ou agradável certos hábitos cotidianos, por isso a libertação da mulher está latente dentro da sociedade capitalista; eis uma das bases da crise da família monogâmica. A III revolução técnico-científica produz as condições de crises cada vez mais duras e crescimentos cada vez mais fracos. Com o aumento dos conflitos sociais como resultado do próprio desenvolvimento das forças produtivas, surge em reação o despotismo esclarecido burguês. O envolver da grande produção mecanizada no campo e a atração da cidade, forma-se uma poderosa massa humana com novas necessidades e meios de luta urbanos. A superprodução crônica latente leva a que se tente estimular o consumo por meio do endividamento geral. A queda da lucratividade tenciona a sociedade a adotar um norte moral correspondente à necessidade de maiores lucros.

Há uma só crise, síntese das diferentes formas, que tem por base a produção capitalista altamente desenvolvida. A correspondente queda da taxa de lucro está na base da explicação da sincronia das diferentes crises, que são uma só crise civilizacional.

Isso não é tão evidente. Adam Tooze afirma que há apenas pluralidade de crises, uma ao lado da outra e com influência recíproca delas. Ele aproveita para criticar o marxismo:

 

Sem dúvida, os amigos marxistas serão tentados a dizer que tudo se resume ao capitalismo e seu desenvolvimento em crise. Ora, no mais tardar na década de 1960, a teoria marxista mais sofisticada já havia abandonado as teorias monistas da crise. E atualmente, o desafio óbvio para os críticos marxistas é explicar como a China, liderada pelo PCC, emergiu como o impulsionador mais consequente do antropoceno. Isso não quer dizer que a teoria marxista não seja capaz de oferecer uma resposta, mas, para ser convincente, seria uma teoria marxista da complexidade e da policrise, algo para o qual pensadores como Louis Althusser e Stuart Hall já haviam apontado o caminho. (Tooze, 2022)

 

Eleutério Prado critica (Prado, A crise: circulando em terra firme, 2022) tal artigo afirmando a dialética da unidade interna, para além e por debaixo da unidade apenas externa. Mas limitou à defesa lógica, não concreta. Isso se dá porque exige muitas mediações e pesquisas para demonstrar que as mudanças e as faltas de mudanças quantitativas e qualitativas na produção, com a mediação de fatores como a alta urbanidade, permitem uma crise geral, unitária. Este livro expõe tal descoberta.

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Mészáros percebeu uma crise crônica onde a superprodução de capital e mercadorias continua mesmo com a destruição das crises cíclicas; partiu, assim, do valor de uso, a riqueza real, para sua contradição com o valor. Por outro caminho, Robert Kurz descobre a crise de produção de valor, redução da massa de valor global, desde a racionalização na indústria (automação, robótica, etc.), como processo de colapso do sistema; parte do valor, a riqueza na forma capitalista, para observar sua contradição com o valor de uso. Terceira visão, Michael Roberts descreve a queda da taxa de lucro como o fator de crise do sistema. A grande tarefa, portanto, é unir tais teorizações até agora separadas e desenvolvidas do modo independente.

Os três intelectuais citados desenvolveram suas teorias de modo unilateral e parcial, ainda que com enormes avanços, e às vezes “perdiam a mão” porque pouco ligados ao movimento prático dos trabalhadores. Os partidos marxistas, por outro lado, deram menos atenção a estes elaboradores do que o necessário. Parte dessa falta dar-se pela razão de que a anunciação de “crises finais” foi lançada inúmeras vezes desde o próprio Marx, o que levou, diante do erro de previsão, a militância a desconsiderar a teoria do colapso logo quando chegou sua hora.

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O capitalismo entra na época em que é incapaz de promover profundas e duradouras reformas e passa a impor contrarreformas. As conquistas acumuladas por muito tempo pelas classes trabalhadoras são corroídas por diferentes meios em nome da lucratividade. A superprodução crônica latente, a redução da massa global de valor e a queda da taxa de lucro estão no fundamento da fase de recuo civilizacional. É preciso, portanto, uma revolução para impor uma nova era de reformas, que será de novo tipo porque sob nova base. A ideia de que o proletariado nada tinha a perder além de seus grilhões foi substituída pela percepção de que estamos a perder certa qualidade de vida[1]; os fatores estressantes acumulam-se e transformam a sociedade na panela de pressão da luta de classes. Tomemos o exemplo da China, que em si ainda tem caminho a esgotar no seu desenvolvimento; se as greves impõem maiores direitos trabalhistas, isto é, mais custos sociais, então menos atraente torna-se o país para investimentos; mas o governo, ciente desse problema comum na história de outros países, antecipa-se e investe em tecnologia para a produção, o que acaba, assim, ao substituir trabalhador por maquinário, por reduzir a taxa de lucro, reduzir a massa de valor e aumentar a já grande quantidade de mercadorias… De qualquer modo, uma conquista social, sob relações capitalistas, transforma-se numa reação do capital que retira por diferentes vias (desemprego, etc.) os ganhos do período anterior. O processo hoje é tal que limita cada vez mais a capacidade de mediações, de amortecer os conflitos classistas, pelos três fatores destacados acima. Se o sistema de fato entrou na fase em que lhe é impossível melhorar a vida da maioria, logo, e só a partir daí, a luta pelo socialismo é justificável e torna-se socialmente necessária. Na Europa, para citar o mais famoso caso, a luta em defesa da manutenção do passado, pela conservação do Estado de bem-estar social, pode ter força de ruptura sistêmica[2] (pode ser transicional principalmente se junta a exigências em si transicionais). No Brasil, os direitos históricos dos trabalhadores são cortados, empresas públicas são privatizadas e o regime ameaça fechar-se para garantir os ataques neoliberais. O reformismo teve sua razão de existir por muito tempo, teve uma base material que o justificasse, porém agora faz falta o partido da revolução, a organização para este novo período histórico. Antes o capitalismo poderia ceder; hoje necessita forçar sucessivas derrotas aos proletários e setores populares para que estes tenham a chance, por desespero, de uma posterior vitória estratégica.

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Alguns teóricos consideram, como crise do sistema capitalista, como transição, que desde a primeira revolução industrial produzimos superprodução real, mas isso é falso. Marx diz sobre as crises de superprodução de sua época: “Não se produzem meios de subsistência demais em relação à população existente. Pelo contrário, o que se produz é muito pouco para satisfazer, de maneira adequada e humana, a massa da população […] Não se produz riqueza demais.” (Marx, O capital 3, 2008, p. 337). Isso mudou. Com a altíssima produtividade de nossa época, temos, além da forma fenomênica de superprodução apenas relativa nas crises cíclicas, uma superprodução absoluta latente, pois agora podemos satisfazer todas as necessidades humanas básicas e ainda fazer sobrar recursos para investimento. Ela é latente porque nunca se revela de mudo puro, total; e absoluta por oferecer finalmente a abundância necessária ao socialismo e tender a afetar todos os setores produtivos. É desse modo, e apenas aqui, o dinheiro, o preço e a forma mercadoria do produto podem deixar de existir – ou tornarem-se marginais na sociedade – já que o mercado pressupõe escassez. Daí o valor de Mèszários sobre a crise estrutural, embora tenha caído em impressionismo teórico.

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O comunismo é o fim

1)   Da propriedade privada,

2)   Das classes,

3)   Do Estado,

4)   Da família monogâmica.

O trabalho hercúleo da humanidade de superar tais elementos de sua pré-história é facilitado, se podemos falar em facilidade, pelas suas crises estruturais, uma crise sistêmica.

A propriedade privada burguesa entra em sua fase final com a redução da massa global de valor, com a queda da taxa de lucro em seus limites históricos até meados deste século.

As classes principais sociedade, a burguesia e o proletariado, afastam-se da produção, o que gera uma burguesia parasitária, classe social fictícia em certo sentido, e massa enorme de desempregados com dificuldade de realizar-se enquanto classe.

O Estado é corroído pela própria lógica de lucro, e enquanto este se torna mais difícil, por meio da dívida pública crescente, da urbanização, da indústria bélica, etc. Por outro lado, as condições para o Estado socialista fenecer estão imensamente maduras.

A família monogâmica entra em crise com o desenvolvimento tecnológico (anticoncepcional, etc.), com a urbanização, etc.

Como observamos, a mesma base material – o motor são as mudanças na produção, o aumento da produtividade centralmente – motiva os diferentes aspectos da crise sistêmica, que podem ser abstraídos e tratados separadamente apenas pelo pensamento. Dentro da realidade, amadurecem juntos e combinados, ainda que em ritmo desigual. Estamos, portanto, no ponto crítico de nossa espécie, do ser social. O cálculo histórico bifurca-se em duas possibilidades latentes e opostas: ou libertamos a humanidade e a natureza ou abriremos a transição para o fim civilizacional e, talvez, de nossa própria existência biológica.

Os países e os continentes adentram na crise sistêmica de modo desigual; uns amadurecem as condições para a transição socialista enquanto outros, em si, os menos decisivos para o futuro da humanidade em geral, têm elementos ainda em florescimento. Por outro lado, a revolução socialista em algumas nações, as avançadas em especial, por combinação histórica, aceleram o limite de época em nações até então passos atrás no compasso transicional. Decisivas revoluções sociais alteram até os costumes em todo o mundo, em curto período.

 

 

 

CRISE DAS CATEGORIAS

 

A expressão “crise categorial” foi acessada por mim, pela primeira vez, via Kurz. Ele quer dizer que a crise do valor, redução do trabalho manual na produção, crise do trabalho, trata-se da crise da categoria geral, principal e necessária do sistema – valor econômico. O valor seria o elo, a cola, das demais categorias reais; a força que mantém o sistema como sistema, a totalidade como totalidade. Aqui, vamos além em mais um sentido, como é de nossa obrigação: as relações da categorias ontológicas (metafísicas) gerais e abstratas, da Lógica de Hegel, entram em contradição neste sistema, em especial e em principal no seu ocaso. Vejamos exemplo claros, diretos, centrais e incompletos de tal crise, contradição, categorial.

 

SER, NADA, DEVIR

Há contradição entre forças produtivas que avançam ou querem avançar (devir), mas as relações de distribuição (ser) e a forma social (ser) mantendo o pé firme na porta… A superprodução não precisa mais do mercado, mas este está por todo canto ainda. É contradição entre o ser, que deve ser passado e – logo – ser o nada e o seu devir, o movimento inevitável.

 

CONCEITO SUPRASSUMIR

Suprassumir, tradução do termo em alemão, significa: 1) destruir, 2) preservar, 3) elevar. A dialética propõe que os três ocorrem ao mesmo tempo, juntos. Mas, hoje por hoje, há contradição entre os significados do significante. Impera a destruição, condição para o elevar, mas que ainda o nega, o opõe a si.

 

A DIFERENÇA E O MESMO

Está latente e quase evidente a unidade e igualdade dos homens – mas, de modo atualmente bastante artificial, educa-se na diferença.

 

SER EM SI E SER PARA OUTRO

Na crise psicológica geral, somos mais para si – e negamos a necessidade necessária do outro. Vem o vazio.

 

DETERMINAÇÃO, CONSTITUIÇÃO

São tempos de café descafeinado, jarro oco… A constituição falta com a determinação. No mais, o valor entra em contradição com o capital.

 

LIMITE, MAU INFINITO, O INFINITO QUALITATIVO

Marx percebe que o capital tem pulsão infinita, acumular-se, ser sempre mais-valor e mais-capital. Mas, descobrimos ontem, o planeta tem recursos finitos… Assim, beiramos a extinção.

 

UNO E VAZIO – ATRAÇÃO E REPULSÃO

O uno único é produtivo – como as fábricas. O uno (empresa; em outro ser, o Sol) produz mais unos. O problema é que há superprodução e superabundância dos “muitos”, de empresas e de mercadorias de modo crônico.

 

SIMPLES E COMPLEXO

A forma social, em relação com sua materialidade, ao ser precisamente assim, gera inúmeras complexidades em si artificiais, desnecessárias. Por exemplo, custos com espionagem industrial, custo improdutivo extra, que será passado no socialismo.

 

INTENSIVO E EXTENSIVO

Com a crise do trabalho, quer-se impor mais trabalho – é consequência inesperada de tal crise. A jornada deve ser tanto intensiva quanto extensiva, ambos. Isso esgota o trabalhador moderno.

 

QUALIDADE E QUANTIDADE

Isso é evidente para quem entrou ontem no mundo da crítica do mundo. O caso mais destacado é a perda de qualidade das mercadorias para que fiquem quantitativamente mais baratas, vendam mais. Por si, já um problema – mas soma-se a crise ambiental gerada.

 

QUALIDADE E REARRANJO

No fundo, a crise do sistema capitalista é a crise de como as coisas estão arranjadas, organizadas ou desorganizadas.

 

CAOS E ORDEM

Há aumento de caos no sistema, crise de suas leis que não mais funcionam bem (e já eram negativas) ou funcionam de modo deformado no fim do modo de vida. As instabilidades e imprevisibilidades aumentam, são mais latentes.

 

POSITIVO E NEGATIVO

A relação de positivo e negativo como patrão e empregado, império e colônia etc. pedem para serem superados. Tencionam de modo extra. Enquanto isso não ocorre, especial atual contradição.

 

COMBINAÇÃO DE MEDIDAS

A medida começa a falhar. Isso tem vários nortes, por exemplo, algo digital passa a ser acessado, de alguma forma, de modo gratuito. Mas hoje, também, temos mais monopólios e oligopólios manipulando os preços.

 

DESMEDIDA

O capital, já dissemos, é sem medida no sentido de que não aceita limites, ordem, planejamento. Em seu máximo atual, ainda mais despreza todos os limites.

 

ESSENCIAL E INESSENCIAL

Criamos necessidades mais artificiais, inessenciais – em nosso tempo. O socialismo dará suporte ao bom consumo, abundância, mas de modo muito mais racional.

A vida é menos essencial e mais supérflua, adaptamo-nos.

 

 

DETERMINAÇÕES DE REFLEXÃO

Na política, todos os partidos da ordem têm um secreto consenso – o que desmoraliza a política burguesa e seu Estado. Negar oposição real, eis o erro.

 

FORMA, ESSÊNCIA, MATÉRIA E CONTEÚDO

Repetimos o que dissemos em outra contradição, que se eleva à décima potência em nosso tempo, em outra crise de categoriais.

A forma social, em relação com sua materialidade, ao ser precisamente assim, gera inúmeras complexidades em si artificiais, desnecessárias. Por exemplo, custos com espionagem industrial, custo improdutivo extra, que será passado no socialismo.

A contradição entre forma e conteúdo é bem pensada e sentida no meio comum e militante. Podemos complementar com a crise da arte sem forma, informe, logo, sem conteúdo, sem mensagem fictícia.

 

FUNDAMENTO

Como a sociedade atingiu o ápice de sua complexidade, tornou-se difícil ver seu fundo. Por outro lado, o trabalho manual abstrato, cai como fundamento desta sociedade.

 

CONDIÇÃO

A crise deste modo de vida é que todas as condições objetivas do socialismo estão aí, que são também condições para o fim de nossa espécie.

 

A COISA E SUAS PROPRIEDADES

Para superar o valor, precisa-se superar o trabalho manual; para isso, superar o capitalismo. Não superaremos o valor-trabalho sem superar, também, a teoria do valor-trabalho – valor-matéria. Uma superação ideal porque matéria, material: uma verdade torna-se falsa depois; a falsidade tornar-se verdade em seguida. Eis uma das bases do fim da crise do marxismo. Que não seja vítima de conservadorismos disfarçados de rigor.

Na mercadoria, a perda da propriedade, de sua matéria, aparece como perda da coisa e da coisa em si. Contradição, crise.

 

O TODO E AS PARTES

Crise de abstração, mais uma crise de tipo categorial. Há vários aspectos disso, por isso destacamos um, a crise de abstração mesma. As partes, categorias, do capitalismo, totalidade e sistema categorial, tentam ganhar maior autonomia, tentam afirma-se como totalidade em si e para si; tentam, assim, escravizar outras partes.  Como a garra separa a onça do meio, o Estado abstrai-se por exércitos regulares; o dinheiro desprende-se, mas apenas como pode, de sua base material; abstrai-se do todo e de sua matéria. O operário é afastado, abstraído, da empresa.

 

EXTERNO E INTERNO

O interno do atual modo de vida coloca em crise a ilusão externa – a coisa é mais fácil de ver e expressar. O externo é base, por exemplo, da ilusão jurídica, que se desmancha na lava do interno classista. Os grandes terremotos profundos racham e abalam a casca ideológica e social.

 

REAL E FICTÍCIO

De vários modos a contradição contra a unidade aparece: o capital fictício suga valor da economia real; a vida virtual deteriora a vida real; a arte torna-se uma ficção de ficção, isto é, falsa arte etc.

 

LIBERDADE E NECESSIDADE

O avanço do sistema permite mais liberdade individual, não social, mas que pressiona por liberdade social – também. Mas o capital é necessidade, lei, determinismo.

 

INTERAÇÃO

A unidade interna das partes do sistema aparece como interação externa – a crise se retroalimenta, interinfluencia. É crise total, de totalidade.

 

Logo, temos:

 

Crise categorial (Kurz) – crise do valor, ou seja, crise do trabalho (manual)

Crise dos valores em geral (valor econômico, valor artístico, valor moral etc.)

Crise categorial geral (quantidade e qualidade, forma e conteúdo etc.)

Crise de abstração (trabalho abstrato em crise, busca de maior autonomia relativa, crise de medida)

Crise de totalidade

Enfim – crise sistêmica

 

Poderíamos dedicar mais páginas e detalhes para rechear cada crise categorial das categorias, cada contradição categorial de nosso tempo. Mas seria mero jogo intelectual. Apenas a exposição concreta nos capítulos anteriores permite ver a concretude desse tipo de crise. A totalidade das categorias opostas em unidade entram em contradição no seu “ser prático ou concreto” no sistema capitalista. Não só as categorias próprias do capital – valor econômico etc. – estão em crise própria, pois as categorias gerais abstratas da metafísica entram em crise-contradição na sua vida e vivência real dentro do próprio sistema concreto. O sistema de categorias da Lógica, da metafísica, entra em contradição, temporária e histórica. Tal estudo facilitou perceber certa atualização da dialética de Hegel, que exagera o papel da unidade “estática” sobre a contradição em movimento, que expomos na Metafísica marxista, presente em outro “capitulo” desta obra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Tomo esta reflexão de palestra de José Paulo Netto.

[2] Tomo tal reflexão de palestra da historiadora portuguesa Raquel Varella.

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