O
PARTIDO TERRITORIAL?
O perfil do partido democrático-centralista é
insuperável, impossível negá-lo por outro formato. É a única formação que pode
ir da legalidade para a ilegalidade e clandestinidade sem se destruir de todo.
Além disso, 1) garante a democracia interna; 2) quase garante que a organização
se mantenha inteira em situações revolucionárias; 3) permite o preparo de
quadros para a revolução e para governar. Dito isso, devemos ver se, em
situações raras, o modelo pode ser agregado, mas suprassumido ainda junto de
si.
O partido bolchevique teve duas inspirações: as
máfias russas e o modelo da guerrilha urbana. No Brasil, temos os territoriais,
foquismo urbano, do tráfico e das milícias em bairros e favelas – tais
oportunistas podem ter algo a nos ensinar? A hipótese – hipótese, mesmo, para
um ou outro caso – é a de que o partido leninista possa tornar-se um
partido-movimento, quase-estado, mantendo trabalho fixo em fábricas e, nosso
caso, bairros e favelas.
Neste sentido, oferece serviços em forma de
cooperativa ou autogestão, com o partido com poder de veto na direção, cobra-se
um baixíssimo imposto, oferece festas e bailes etc. Faz daquele território um
miniestado completo, assim como fazem hoje as máfias. Mas, no lugar de lucro,
busca-se a cooperação e a emancipação real.
Como garantir a democracia, base do fim da
alienação, nesse caso? As milícias, traficantes e o estado se unirão para
acabar com a experiência; logo uma democracia total é impossível, mas deve ser
meta permanente. Toda oportunidade de votar, será votada, mesmo para questões
pequenas (são exercícios de socialismo). Porém, a real garantia de democracia
será o perfil interno democrático, liberdade de formar frações temporárias,
partidos dentro do partido, da organização revolucionária – e a ilegalidade de
acumular cargos e privilégios. Além disso, todo membro partidário dever saber
usar armas e ter um bom calibre consigo, dificultando repressão interior. O
braço armado externo, por outro lado, deve ser proibido de ter cargos de
direção ou participar de frações.
Como todo investimento (cooperativas etc.) e imposto
não visarão lucro, como os salários dos profissionais serão muito limitados, o
que o povo e outras rendas darão retornará, em geral, para o próprio povo em
serviços (garantindo alto apoio popular). Eis uma forma de combater as máfias,
que visam lucro, e crescer muito, atraindo. Desnecessário dizer que coisas como
roubo serão proibidas em tais regiões.
No entanto, o partido não será de todo territorial.
Deve aproveitar os bastiões geográficos para ter trabalho nas fábricas, onde
todo o nosso destino se decidirá.
Moreno certa vez disse que a substituição de células
do partido de grupos dos locais de trabalho por grupos por bairro é um sinal de
degeneração partidária. Isso é verdade, mas pela metade já que podemos combinar
ambos. Na favela, precisaremos de células e grupos dirigentes para todos os
“ministérios” que deverão colocar em prática ações para melhorar a vida dos
trabalhadores.
Mas, ao que parece, tal proposta é inviável ao
Brasil – exceção em caso de ditadura do capital.
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