domingo, 28 de janeiro de 2024

A crise sistêmica - cap. 31 - O PARTIDO TERRITORIAL?

 

O PARTIDO TERRITORIAL?

 

O perfil do partido democrático-centralista é insuperável, impossível negá-lo por outro formato. É a única formação que pode ir da legalidade para a ilegalidade e clandestinidade sem se destruir de todo. Além disso, 1) garante a democracia interna; 2) quase garante que a organização se mantenha inteira em situações revolucionárias; 3) permite o preparo de quadros para a revolução e para governar. Dito isso, devemos ver se, em situações raras, o modelo pode ser agregado, mas suprassumido ainda junto de si.

O partido bolchevique teve duas inspirações: as máfias russas e o modelo da guerrilha urbana. No Brasil, temos os territoriais, foquismo urbano, do tráfico e das milícias em bairros e favelas – tais oportunistas podem ter algo a nos ensinar? A hipótese – hipótese, mesmo, para um ou outro caso – é a de que o partido leninista possa tornar-se um partido-movimento, quase-estado, mantendo trabalho fixo em fábricas e, nosso caso, bairros e favelas.

Neste sentido, oferece serviços em forma de cooperativa ou autogestão, com o partido com poder de veto na direção, cobra-se um baixíssimo imposto, oferece festas e bailes etc. Faz daquele território um miniestado completo, assim como fazem hoje as máfias. Mas, no lugar de lucro, busca-se a cooperação e a emancipação real.

Como garantir a democracia, base do fim da alienação, nesse caso? As milícias, traficantes e o estado se unirão para acabar com a experiência; logo uma democracia total é impossível, mas deve ser meta permanente. Toda oportunidade de votar, será votada, mesmo para questões pequenas (são exercícios de socialismo). Porém, a real garantia de democracia será o perfil interno democrático, liberdade de formar frações temporárias, partidos dentro do partido, da organização revolucionária – e a ilegalidade de acumular cargos e privilégios. Além disso, todo membro partidário dever saber usar armas e ter um bom calibre consigo, dificultando repressão interior. O braço armado externo, por outro lado, deve ser proibido de ter cargos de direção ou participar de frações.

Como todo investimento (cooperativas etc.) e imposto não visarão lucro, como os salários dos profissionais serão muito limitados, o que o povo e outras rendas darão retornará, em geral, para o próprio povo em serviços (garantindo alto apoio popular). Eis uma forma de combater as máfias, que visam lucro, e crescer muito, atraindo. Desnecessário dizer que coisas como roubo serão proibidas em tais regiões.

No entanto, o partido não será de todo territorial. Deve aproveitar os bastiões geográficos para ter trabalho nas fábricas, onde todo o nosso destino se decidirá.

Moreno certa vez disse que a substituição de células do partido de grupos dos locais de trabalho por grupos por bairro é um sinal de degeneração partidária. Isso é verdade, mas pela metade já que podemos combinar ambos. Na favela, precisaremos de células e grupos dirigentes para todos os “ministérios” que deverão colocar em prática ações para melhorar a vida dos trabalhadores.

Mas, ao que parece, tal proposta é inviável ao Brasil – exceção em caso de ditadura do capital.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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