Como tornar efetivos e vitoriosos
os panelaços
Neste blog, insistimos que a
proposta central para o Brasil era a redução da jornada, com o mesmo salário,
na proporção que produza pleno emprego. Mas a política deve mudar em 24 horas se
a situação muda em 24 horas. A questão da pandemia, portanto, deve ser central
por enquanto.
Nesta conjuntura, os panelaços
ganharam certa audiência nacional e são um método válido diante do isolamento
necessário. O problema que destacamos neste texto é que em nenhum momento eles
ocorreram em torno de propostas práticas, de exigências.
É preciso uma dose de psicologia
de massas sobre o tema. Se os protestos são fins em si próprios, se deixam de
ter certa meta, se nada avançam, então o caminho é o esvaziamento deles, o aborto de um método de luta e sua banalização.
O primeiro foi “contra Bolsonaro”
e um dos mais recentes, “em defesa do SUS”. Contra, mas como? Em defesa, mas de
que modo? Qual a exigência prática? Ora, se assim continuarmos, boa parte dos
trabalhadores em desespero concordarão com o presidente contra a quarentena,
pois é necessário pagar as contas, sobreviver.
Se vamos puxar protestos com
panelas, exijamos soluções, sejamos alternativa, popularizemos nossas
propostas:
1) Um
salário mínimo para famílias de desempregados e autônomos por 3 meses;
2) Proibição
de demissões por medida provisória;
3) Cancelar
o pagamento da dívida pública por um ano para investir em saúde.
Em geral, devemos focar em duas
ou três propostas centrais, mas a situação pede exigir todo um programa. É
fato. Também há a possibilidade do setor majoritário da burguesia apostar na
primeira elaboração; diante disso, exigiremos ainda mais dos governos, pois
toda medida preventiva é pouco diante do risco de milhões de mortes.
Se conseguirmos parar por um
pequeno tempo o pagamento da dívida, isso levará naturalmente ao debate sobre o
fim da agiotagem; a renda mínima temporária também levantará o debate por um
auxílio permanente. O ideal, é claro, seria o mais radical, mas a realização
das propostas parciais e urgentes produzirão condições para futuras exigências,
quando a crise sanitária passar.
Entra necessariamente em debate
se é válido o “fora Bolsonaro”. As pesquisas de opinião deram a ele ainda uma boa margem
de apoio social, o que impede a palavra de ordem. O melhor caminho para
derrubá-lo é o desmoralizando, fazendo exigências claras, impondo-o uma
derrota. Ele tem um programa, voltar à rotina, e poderá parecer correto às
massas, na medida em que a crise econômica se aprofunda, se nós não
popularizarmos nossas propostas. Pense em um ambulante que vive sempre correndo
atrás do dinheiro pouco; é alguém que precisa de caminhos para já. Mesmo se o “fora”
estivesse correto, o que não parece ser o caso, há no momento pautas
emergenciais que tratam da vida humana. Na revolução russa, os bolcheviques
retiraram todas as propostas para derrotar o golpe de Kornilov, com o “todos
contra Kornilov!”. Este é o método: focar no problema mais sentido e imediato.
Assim cavaremos a cova do miliciano.
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