quinta-feira, 26 de março de 2020

Como tornar efetivos e vitoriosos os panelaços


Como tornar efetivos e vitoriosos os panelaços

Neste blog, insistimos que a proposta central para o Brasil era a redução da jornada, com o mesmo salário, na proporção que produza pleno emprego. Mas a política deve mudar em 24 horas se a situação muda em 24 horas. A questão da pandemia, portanto, deve ser central por enquanto.

Nesta conjuntura, os panelaços ganharam certa audiência nacional e são um método válido diante do isolamento necessário. O problema que destacamos neste texto é que em nenhum momento eles ocorreram em torno de propostas práticas, de exigências.

É preciso uma dose de psicologia de massas sobre o tema. Se os protestos são fins em si próprios, se deixam de ter certa meta, se nada avançam, então o caminho é o esvaziamento deles, o aborto de um método de luta e sua banalização.

O primeiro foi “contra Bolsonaro” e um dos mais recentes, “em defesa do SUS”. Contra, mas como? Em defesa, mas de que modo? Qual a exigência prática? Ora, se assim continuarmos, boa parte dos trabalhadores em desespero concordarão com o presidente contra a quarentena, pois é necessário pagar as contas, sobreviver.

Se vamos puxar protestos com panelas, exijamos soluções, sejamos alternativa, popularizemos nossas propostas:

1)   Um salário mínimo para famílias de desempregados e autônomos por 3 meses;
2)    Proibição de demissões por medida provisória;
3)    Cancelar o pagamento da dívida pública por um ano para investir em saúde.

Em geral, devemos focar em duas ou três propostas centrais, mas a situação pede exigir todo um programa. É fato. Também há a possibilidade do setor majoritário da burguesia apostar na primeira elaboração; diante disso, exigiremos ainda mais dos governos, pois toda medida preventiva é pouco diante do risco de milhões de mortes.

Se conseguirmos parar por um pequeno tempo o pagamento da dívida, isso levará naturalmente ao debate sobre o fim da agiotagem; a renda mínima temporária também levantará o debate por um auxílio permanente. O ideal, é claro, seria o mais radical, mas a realização das propostas parciais e urgentes produzirão condições para futuras exigências, quando a crise sanitária passar.

Entra necessariamente em debate se é válido o “fora Bolsonaro”. As pesquisas de opinião deram a ele ainda uma boa margem de apoio social, o que impede a palavra de ordem. O melhor caminho para derrubá-lo é o desmoralizando, fazendo exigências claras, impondo-o uma derrota. Ele tem um programa, voltar à rotina, e poderá parecer correto às massas, na medida em que a crise econômica se aprofunda, se nós não popularizarmos nossas propostas. Pense em um ambulante que vive sempre correndo atrás do dinheiro pouco; é alguém que precisa de caminhos para já. Mesmo se o “fora” estivesse correto, o que não parece ser o caso, há no momento pautas emergenciais que tratam da vida humana. Na revolução russa, os bolcheviques retiraram todas as propostas para derrotar o golpe de Kornilov, com o “todos contra Kornilov!”. Este é o método: focar no problema mais sentido e imediato. Assim cavaremos a cova do miliciano.







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