J. P.
NOVA TEORIA
GERAL DO VALOR:
VALOR-TRABALHO
E VALOR-MATÉRIA
Chegado
aqui, o leitor já percebeu a originalidade rara desta obra. Agora, faremos duas
ações, uma após a outra: 1) oferecer uma teoria do valor marxista a partir da
generalização da teoria apenas do valor econômico em Marx e 2) apresentar uma
teoria nova do valor, o valor-matéria, que abarca dentro de si o primeiro
generalizado. Assim, nossa teoria do valor é sobre todo tido de valoração, não
apenas na economia.
GENERALIZAÇÃO
DO VALOR-TRABALHO
O homem
primitivo necessitou compreender cada vez mais as propriedades do mundo, ou
seja, de modo rústico, já fazia ciência. Ao analisar o mundo, teve de descobrir
– não criar – valores, valorizar; esta pedra é ruim para este machado, mas bom
para tal tarefa. Pois bem; grosso modo, isso está em Lukács, então apenas vale
tratarmos do assunto se algo novo houver para ser dito.
O valor
artístico, por exemplo, dar-se pelo quanto de trabalho útil foi destinado na
sua produção, incluso o ganho de habilidade do artista. Mas o guia é o valor de
uso da arte, a mensagem fictícia. Se um “artista” dedica mil horas para pintar
um quadro preto de preto, perdeu seu tempo.
Lukács diz
da valoração com o exemplo do valor positivo de um bom vento para a embarcação.
Ora, a diferença atmosférica deslocou ar de um ponto para outro, logo trabalho
realizado. Na verdade, o valor tem origem direta em dois fatores opostos e
complementares, unidos: o trabalho exigido e o trabalho economizado (que pode
ser resumido no primeiro). Um mau vento exige mais trabalho, gasto extra –
menos valor tem, menos bom, ruim, é ele.
Considerado
isso, que trabalho e economia de trabalho são ambos base da valoração, o que os
unifica? O objetivo, a finalidade, o valor de uso – eis a medida, ou melhor, o
lastro da valoração. Uma arte somente é arte se tem mensagem fictícia (podendo
ser afirmada como bem ou mal, ruim, elaborada).
Na relação
homem e objeto, a valoração divide-se, no contexto, em bom e ruim. Nas relações
humanas, em bom e mau. Nada nisso de maniqueísmos, pois, por exemplo, um
operário lutador da causa operária, logo bom, pode ser machista, logo mau. O
que guia é o rumo da humanização da humanidade, o fim da alienação – a
finalidade.
Assim, a
valoração dos valores está lastreada, no trabalho, por isso, na história, por
isso, nas relações contextuais, logo, na finalidade.
Já dissemos
em outro lugar que o ouro vale muito porque se exige imenso trabalho para
extraí-lo da terra. Mas tal imenso trabalho é exigido porque se exige muita
energia-tempo-trabalho para produzi-lo nas estrelas, nas explosões estelares.
MORAL E
METAFÍSICA
Platão ascende a conceitos cada vez mais gerais e abstratos até alcançar o Belo, o Bom e o Bem. Para ele, os mais puros. Ora, existe um conceito ainda mais puro, geral e abstrato. O belo, o bom e o bem – são o quê? São valor! Com tal conceito, na economia Marx foi de fato ao mais abstrato. O bem (coisa privada) não é o mais profundo ou, se quisermos, o mais etéreo: isso é o que está dentro do valor de uso, o bem, ou seja, seu valor invisível dentro de si. Marx poderia dar qualquer nome ao valor, já que é descoberta sua, mas lastreou a palavra na metafísica.
TEORIA DO
VALOR-MATÉRIA
Marx convida
a duvidar de tudo, de todas as certezas – incluso as de sua poderosa produção.
Dito isso, José Paulo Netto afirma que, quando se quer atacar ou adaptar o
marxismo, foca-se em três eixos: contra a dialética, contra a teoria da
revolução e contra a teoria do valor-trabalho. Nosso foco será a questão do
último elemento.
Todas as
tentativas de negar ou ver contradição na teoria marxista do valor são, quando
muito, risíveis. Isso ocorre, simplesmente, porque ela está certa, completa e
correspondente em alto grau à realidade. Os críticos confundem, por exemplo,
valor e preço. Ora, por que a água, com a altíssima utilidade, apresenta-se tão
barata – mas o ouro, carente de utilidade, tão caro? Eis contradição da teoria
do valor subjetivo, do utilitarismo. Resposta de Marx e nossa: um exige mais trabalho
social e humano para produzir em relação ao outro, muito mais.
Mas é
possível afirmar totalmente a teoria marxista do valor e, ao mesmo tempo,
superá-la? Façamos a digressão e o exercício para fins filosóficos, pois é uma
teoria de todo correta. Apresento, agora, minha própria teoria – do
valor-matéria.
O ERRO
PARCIAL DE MARX
Marx começa
sua obra com a seguinte pergunta: se duas mercadorias são qualitativamente,
completamente, diferentes – como elas são igualadas? Como isso é possível? Como
uma é trocável pela outra em certas quantidades? Como a passagem é famosa entre
o publico leitor deste livro, destacamos apenas o caso de Aristóteles. O grego
afirmou que um tanto de sofás são trocáveis por uma casa. Mas por quê? A troca
é consciente, mas a razão de tal trocabilidade é inconsciente, inconsciente
social. No entanto, o pensador antigo conclui que isso – a proporção de troca,
a permutabilidade – era mero jogo subjetivo, para fins práticos. Segundo Marx,
o gênio não foi capaz de responder por causa de sua época e por ser senhor de
escravos – mais uma vez, complementamos, o inconsciente social a agir. Ora,
responde ele, são iguais as mercadorias porque elas são frutos iguais de
trabalho humano! O tanto de trabalho gasto gera um tanto de valor, que as iguala
no mercado. Um tento de linho é trocável por um casaco porque ambos possuem
dentro de si a mesma quantidade de trabalho gasto em suas produções. Mas,
porém, todavia: elas não são completamente qualitativamente diferentes! Elas,
as mercadorias, ou melhor, os valores de uso, são átomos concentrados, ou seja:
– prótons, elétrons e nêutrons. São matéria e material igual, massa igual, ou
seja, peso igual (com a gravidade). O que lhes iguala são suas matérias. Se o
valor é (forma de) energia, temos de ver que energia é massa (E=mc²), segundo
Einstein, propriedade da matéria. Marx não vê a qualidade igual, o fato de
serem as diferentes mercadorias materiais, matérias.
DEMONSTRAÇÕES
DO VALOR-MATÉRIA
O
valor-trabalho do qual tratamos antes e generalizamos, ainda é válido e
completo, mas abaixo e dentro do valor-matéria. Entremos mais no absurdo.
Primeiro. A
máquina perde valor ao desgastar-se, ao desmaterializar-se.
Segundo. O
dinheiro ganha valor ao materializar-se na forma ímpar, o ouro (átomo pesado);
depois, perde valor ao desmaterializar-se (prata, cobre, papel, bits.).
Terceiro.
Lamentamos muito mais a morte de um grande elefante contra a morte de uma reles
formiga. Por instinto, de causa inconsciente, associamos valor com
materialidade – mais materialidade, aliás, mais raro, além de mais trabalho e
energia exigir.
Quarto. Uma
pedra mais material é, via de regra, mais útil e tem mais valor relativo à
outra pedra inferior materialmente de mesmo tamanho etc.
Quinto. O
ouro é difícil produzir nas estrelas, concentra muitos átomos.
Sexto.
Tenta-se tirar componentes “desnecessários” da máquina para diminuir, assim,
seu valor.
Sétimo. A
deterioração de certa mercadoria também é sua perda de valor.
Oitavo. A
abundância material é a base da liberdade e da felicidade.
Novo. Valor
só pode existir dentro e junto de algo, de certa matéria.
Décimo. O
que tem mais massa, em geral, mais matéria, tende a ter valor e preço maiores.
Décimo
primeiro. A redução do valor e do preço da mercadoria está, hoje, ligada à
redução de sua materialidade, ou seja, os produtos estão mais frágeis. Isto é:
valor-matéria.
Décimo
segundo. Marx afirma que o valor de certa mercadoria (forma relativa) se
expressa na materialidade de outra (forma equivalente). Assim, sua separação
por um abismo entre valor de uso e valor cai e desaba para dentro de si: a
medida dos valores e o padrão de preços, por exemplo, fundem-se, ainda que de
modo a abarcar a diferença etc.
Décimo
terceiro, enfim. A água é barata por sua molécula ser fácil de se formar,
precisa de átomos simples e “leves”, pouco materiais, oxigênio e hidrogênio,
abundantes por facilidade relativa de produzir. O ouro é caro porque, como
observamos, seus átomos unidos são “pesados”, complexos, com mais matéria-massa
concentrado, lago mais raro, logo mais trabalho para produzir na estrela e
extrair da terra, logo mais caro via de regra e tendencialmente.
Décimo
quarto. Vejamos a relação com a dialética. Marx exclui todas as propriedades
físicas da mercadoria (cor, massa, matéria, peso etc.) para chegar numa
coisa-em-si invisível, o valor, a gelatina de trabalho dentro da coisa.
Abstraindo do valor de uso dos corpos-mercadorias,
resta nelas uma única propriedade: a de serem produtos do trabalho. Mas mesmo o
produto do trabalho já se transformou em nossas mãos. Se abstrairmos de seu
valor de uso, abstraímos também dos componentes e formas corpóreas que fazem
dele valor de uso. O produto não é mais uma mesa, uma casa, um fio ou qualquer
coisa útil. Todas as qualidades sensíveis foram apagadas. E também já não é
mais o produto do carpinteiro, do pedreiro, do fiandeiro ou de qualquer outro
trabalho produtivo determinado. Com o caráter útil dos produtos do trabalho
desaparece o caráter útil dos trabalhos nele representados e, portanto, também
as diferentes formas concretas desses trabalhos, que não mais se distinguem uns
dos outros, sendo todos reduzidos a trabalho humano igual, a trabalho humano
abstrato. (Marx, O capital I, 2013, p. 116)(Marx, 2013, 116.)
E:
Consideremos agora o resíduo dos produtos do
trabalho. Não restou deles a não ser a mesma objetividade fantasmagórica, uma
simples gelatina de trabalho humano indiferenciado, isto é, do dispêndio de
força de trabalho humano, sem consideração pela forma como foi despendida. O
que essas coisas ainda representam é apenas que em sua produção foi despendida
força de trabalho humano, foi acumulado trabalho humano. Como cristalizações
dessa substância social comum a todas elas, são elas valores — valores
mercantis. (Idem, 116.)
Mas, contra
Kant, Hegel afirmou, Ciência da Lógica – Doutrina da Essência, embora não tenha
sido o único, que a coisa ou a coisa-em-si sem suas propriedades nada é – e que
tais propriedades são, veja só, matérias ou materiais. Assim, a coisa-em-si
valor nada mais seria que suas próprias propriedades, ou seja, sua
materialidade. A coisa-em-si, o valor, é a coisa.
Décimo
quinto. Tanto no mundo inorgânico (Sol, buracos negros etc.), passando pelo
biológico (macho dominante, o mais alto etc.), quanto no social (concentração
de capital, ter mais dinheiro, ter maior população etc. – no social mental: ter
grande casa ou carro, mais dinheiro etc.) ocorre o seguinte processo: mais
matéria-massa concentrada, em relação aos demais e à média, logo, tende a ser a
causa de atração, de ser orbitado, de agregar para si.
Décimo
sexto. Unidade do valor e valor de uso: o ouro tornou-se dinheiro por
excelência por sua materialidade singular – raro porque muito material (átomos
pesados), imperecível, uniforme, fácil de dividir e fundir.
A teoria do
valor-trabalho de Ricardo e, depois, de Marx tem função revolucionária, útil
para o movimento social e para a humanidade. Além disso, está correta. Mas, por
sua exatidão alta, impediu-se, além de tanto outros fatores, de ver o
valor-matéria. Naquele tempo, mal se sabia dos átomos, por exemplo. A teoria do
valor-trabalho está dentro da do valor-matéria.
VALOR-TRABALHO,
VALOR-MATÉRIA E OFERTA-DEMANDA
Assim,
também, conectamos a teoria do valor-trabalho com a teoria da oferta e da
demanda (procura). Algo é raro, logo, com muito valor por ser difícil de
extrair ou produzir, porque tem mais materialidade – porque tem mais
materialidade, é muito mais difícil de existir. Por isso o ouro tem valor, sua
raridade, ao exigir mais átomos para existir, exige trabalho extra.
Se a oferta
e demanda se igualam, deixam de explicar o preço e valor. Tal teoria apenas
explica-se desde a teoria do valor-trabalho e do valor-matéria.
A MATÉRIA É
A MEDIDA DE TODAS AS COISAS
A matéria é
a própria realidade – por isso seu valor, sua base de valor. Quando dizemos que
movimento = energia = tempo = espaço (meio) = matéria – dizemos, portanto, que
a energia-valor nada mais é que a matéria. Assim fazemos a unidade, ainda que
ainda contraditória, entre valor e valor de uso. Não mais externos um ao outro,
não mais apenas estranhos.
Vejamos o
parágrafo anterior. Marx diz que o preço da terra virgem não tem valor, pois
não há trabalho gasto em sua produção, portanto, capital fictício; apenas há
preço. Mas a terra, primeiro, tende a valer mais se ela é melhor, mais
produtiva, então, mais rica materialmente! E, segundo, o
oposto-idêntico-diferente de matéria é espaço ou movimento, logo, a terra mais
distante tende a perder valor, preço. Portanto: a matéria é a medida de todas
as coisas!
VALOR-MATÉRIA:
UNIDADE DO MUNDO
Vale uma
comparação histórica. Platão teve de dividir o mundo em dois opostos e
separados: o mundo das ideias ou formas e o mundo da aparência ou material.
Depois, em oposição, Aristóteles – ainda idealista, mas com toque materialista
evidente – defendeu um só mundo, aqui, onde está a própria substância, a
essência, o conteúdo, a forma etc. Marx dividiu economia em dois: mundo do
valor de uso e mundo do valor. Agora, unifico ambos os mundos no
valor-material.
DEDUÇÃO DA
UNIDADE DO VALOR
As
diferentes teorias sofisticadas do valor são muito mais do que apenas
diferentes ou lado a lado: são uma só teoria com diferentes graus de abstração.
Temos, então, uma teoria unificada da valorização. Assim, o valor dado está
ligado à sua
1) Raridade
Que nada
mais expressa além do
2) Trabalho médio – social ou natural – exigido
para sua produção ou economizado
Que é um
dado gasto de energia expresso de maneira imperfeita no
3) Tempo médio exigido em sua criação
Ligado,
portanto, à sua
4) Utilidade
Que é, por
sua vez e em cadeia, expressão pobre de sua
5.
Materialidade (valor-matéria)
Tanto no
sentido quantitativo quanto, em principal, qualitativo.
A conexão
mais difícil de observar está entre 4 e 5. Vejamos. O ouro parece ter baixíssima
utilidade, o que deveria gerar baixíssimo valor; mas ele é dinheiro por excelência
por ser “pesadamente” material, logo, raro etc., o que faz dele o valor de uso
útil por excelência, ou seja, trocável por tudo o mais. Por sua natureza social
e natural, o ouro é o que é, natural socialmente desenvolvido, ou seja,
socializado.
Nos meios
vulgares, diz-se que o valor é subjetivo porque a água vale muito mais do que o
ouro no deserto. Ora, em tal ambiente seco, a água é uma materialidade rara,
difícil de produzir e pouco material presente. Aí a água vale muito por sua
materialidade em seu contexto. Portanto, valor-matéria.
VALOR-MATÉRIA
E MORAL
Já vimos a
diferença entre o assassinato de um elefante e uma formiga. No mais, o direito
moral trata da perda de certa propriedade (roubo) ou de certa materialidade
(dinheiro, vida-corpo etc.).
VALOR-MATÉRIA
E TOTALIDADE
Isso afastaria um tanto, como solução, o marxismo de sua necessária metafísica do valor – tão rejeitada pelos próprios marxistas, contra Marx. Um ponto de apoio seria que a empiria – econômica etc. – mostra-se impura, suja, concreta, impedindo a manifestação exata da lei do valor-matéria (no preço etc.). Tal visão, enfim, reconecta o mundo dos homens com o mundo natural. Marx nunca poderia, ou teria imensa dificuldade de, criar a teoria do valor-matéria, que, grosso modo, afirma que o valor deriva de maior materialidade relativa. Isso ocorre porque a ciência, a metafísica (a verdade está no todo), a física, a filosofia, a Dialética da natureza e a sociedade ainda não haviam atingido seus ápices, de origem comum, durante sua vida. Quando Marx diz que se pode virar e desvirar a mercadoria, mas nela não se encontrará nenhum átomo de valor; esquece que a matéria, representada no átomo etc., é o próprio valor.
TRÍADE UNA DO VALOR
Na
dialética, nada é – tudo está. Um conceito diz-se de muitas formas – uma só
classificação e significado dá lugar aos muitos. Isso é superar o limite da
mera e pobre definição. Desdobramos a categoria acima de seu simples e unitário
definir.
1.
Bom
2.
Belo
3.
Bem
Eis os eixos
unificados, separado a apenas na teoria, do valor. Nossa exposição é, aqui,
esquemática para facilitar a apreensão, mas tudo ocorre de modo misturado e sob
hierarquia do “bem”. Podemos observar, então, que cada fator corresponde a um
aspecto:
1.
Bom –
trabalho
2.
Belo –
natural
3.
Bem –
matéria, materialidade
Indo mais ao
fundo:
1.
Bom – Ser
social
2.
Belo – Ser
biológico, orgânico
3.
Bem – Ser
inorgânico
A aliteração
que, em nossa língua, surge dos três fatores é uma boa coincidência. Repetimos
que eles são ou estão misturados, não separados por uma parede, sob o bem –
matéria – inorgânico. Diz-se que o consumidor capitalista procura o “bom,
bonito e barato”, sendo que este último, descobrimos, demonstra o
valor-matéria.
O belo como,
em primeiro e mesmo se mediado, ter base natural e na biologia nos lembra que
um animal venenoso parece um animal venenoso. Um ambiente sombrio parece um
ambiente sombrio.
A
OBJETIVIDADE NATURAL DA BELEZA
A arte não necessita ser agradável, mas, por derivação, a beleza é um tema importante – o belo é objetivo ou subjetivo? Está na realidade ou nos olhos de quem vê? Em primeiro lugar, beleza está na própria coisa, portanto, natural em si (tanto natural para a percepção do externo quanto no próprio externo); trata-se da beleza no geral, no universal, pois o lado animal do homem e suas percepções capta a beleza do mundo, desde sua vida prática para com animais e situações (o sombrio na arte tem, remete a, traços do sombrio na vida real). Mas, por outro lado, a beleza é algo humano no sentido histórico, determinada historicamente, socialmente; porém, sendo a beleza no particular, não nega de todo a beleza geral, natural, antes pode mediá-la ou deformá-la. Por último, temos a beleza no singular, no individual, que responde à própria formação pessoal e da psique, algo único – este medeia e, ao mesmo tempo, é mediado pelos outros dois. Assim, as polêmicas sobre o caráter do belo, dentro e fora da arte, são resolvidos, percebendo os próprios “níveis” que se misturam, um sendo a base do outro. Tenta-se refutar, por exemplo, a beleza natural geral, com o fato de existirem pessoas com gostos exóticos; por outro lado, tenta-se refutar a instância da beleza individual com a constatação de consensos gerais sobre se algo é belo, apontando para o objetivo ou, ao menos, o intersubjetivo. Os pontos de vista opostos acertam e erram ao mesmo tempo, são incompletos e sem mediações.
J. P. - Este texto é uma seção do meu livro "A metafísica marxista"
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