quarta-feira, 12 de julho de 2023

Teoria Geral do Valor: Valor-trabalho - Valor-matéria

J. P. 

NOVA TEORIA GERAL DO VALOR:

VALOR-TRABALHO E VALOR-MATÉRIA

 

Chegado aqui, o leitor já percebeu a originalidade rara desta obra. Agora, faremos duas ações, uma após a outra: 1) oferecer uma teoria do valor marxista a partir da generalização da teoria apenas do valor econômico em Marx e 2) apresentar uma teoria nova do valor, o valor-matéria, que abarca dentro de si o primeiro generalizado. Assim, nossa teoria do valor é sobre todo tido de valoração, não apenas na economia.

 

GENERALIZAÇÃO DO VALOR-TRABALHO

 

O homem primitivo necessitou compreender cada vez mais as propriedades do mundo, ou seja, de modo rústico, já fazia ciência. Ao analisar o mundo, teve de descobrir – não criar – valores, valorizar; esta pedra é ruim para este machado, mas bom para tal tarefa. Pois bem; grosso modo, isso está em Lukács, então apenas vale tratarmos do assunto se algo novo houver para ser dito.

O valor artístico, por exemplo, dar-se pelo quanto de trabalho útil foi destinado na sua produção, incluso o ganho de habilidade do artista. Mas o guia é o valor de uso da arte, a mensagem fictícia. Se um “artista” dedica mil horas para pintar um quadro preto de preto, perdeu seu tempo.

Lukács diz da valoração com o exemplo do valor positivo de um bom vento para a embarcação. Ora, a diferença atmosférica deslocou ar de um ponto para outro, logo trabalho realizado. Na verdade, o valor tem origem direta em dois fatores opostos e complementares, unidos: o trabalho exigido e o trabalho economizado (que pode ser resumido no primeiro). Um mau vento exige mais trabalho, gasto extra – menos valor tem, menos bom, ruim, é ele.

Considerado isso, que trabalho e economia de trabalho são ambos base da valoração, o que os unifica? O objetivo, a finalidade, o valor de uso – eis a medida, ou melhor, o lastro da valoração. Uma arte somente é arte se tem mensagem fictícia (podendo ser afirmada como bem ou mal, ruim, elaborada).

Na relação homem e objeto, a valoração divide-se, no contexto, em bom e ruim. Nas relações humanas, em bom e mau. Nada nisso de maniqueísmos, pois, por exemplo, um operário lutador da causa operária, logo bom, pode ser machista, logo mau. O que guia é o rumo da humanização da humanidade, o fim da alienação – a finalidade.

Assim, a valoração dos valores está lastreada, no trabalho, por isso, na história, por isso, nas relações contextuais, logo, na finalidade.

Já dissemos em outro lugar que o ouro vale muito porque se exige imenso trabalho para extraí-lo da terra. Mas tal imenso trabalho é exigido porque se exige muita energia-tempo-trabalho para produzi-lo nas estrelas, nas explosões estelares.

 

MORAL E METAFÍSICA

Platão ascende a conceitos cada vez mais gerais e abstratos até alcançar o Belo, o Bom e o Bem. Para ele, os mais puros. Ora, existe um conceito ainda mais puro, geral e abstrato. O belo, o bom e o bem – são o quê? São valor! Com tal conceito, na economia Marx foi de fato ao mais abstrato. O bem (coisa privada) não é o mais profundo ou, se quisermos, o mais etéreo: isso é o que está dentro do valor de uso, o bem, ou seja, seu valor invisível dentro de si. Marx poderia dar qualquer nome ao valor, já que é descoberta sua, mas lastreou a palavra na metafísica.



TEORIA DO VALOR-MATÉRIA

 

Marx convida a duvidar de tudo, de todas as certezas – incluso as de sua poderosa produção. Dito isso, José Paulo Netto afirma que, quando se quer atacar ou adaptar o marxismo, foca-se em três eixos: contra a dialética, contra a teoria da revolução e contra a teoria do valor-trabalho. Nosso foco será a questão do último elemento.

Todas as tentativas de negar ou ver contradição na teoria marxista do valor são, quando muito, risíveis. Isso ocorre, simplesmente, porque ela está certa, completa e correspondente em alto grau à realidade. Os críticos confundem, por exemplo, valor e preço. Ora, por que a água, com a altíssima utilidade, apresenta-se tão barata – mas o ouro, carente de utilidade, tão caro? Eis contradição da teoria do valor subjetivo, do utilitarismo. Resposta de Marx e nossa: um exige mais trabalho social e humano para produzir em relação ao outro, muito mais.

Mas é possível afirmar totalmente a teoria marxista do valor e, ao mesmo tempo, superá-la? Façamos a digressão e o exercício para fins filosóficos, pois é uma teoria de todo correta. Apresento, agora, minha própria teoria – do valor-matéria.

 

O ERRO PARCIAL DE MARX

Marx começa sua obra com a seguinte pergunta: se duas mercadorias são qualitativamente, completamente, diferentes – como elas são igualadas? Como isso é possível? Como uma é trocável pela outra em certas quantidades? Como a passagem é famosa entre o publico leitor deste livro, destacamos apenas o caso de Aristóteles. O grego afirmou que um tanto de sofás são trocáveis por uma casa. Mas por quê? A troca é consciente, mas a razão de tal trocabilidade é inconsciente, inconsciente social. No entanto, o pensador antigo conclui que isso – a proporção de troca, a permutabilidade – era mero jogo subjetivo, para fins práticos. Segundo Marx, o gênio não foi capaz de responder por causa de sua época e por ser senhor de escravos – mais uma vez, complementamos, o inconsciente social a agir. Ora, responde ele, são iguais as mercadorias porque elas são frutos iguais de trabalho humano! O tanto de trabalho gasto gera um tanto de valor, que as iguala no mercado. Um tento de linho é trocável por um casaco porque ambos possuem dentro de si a mesma quantidade de trabalho gasto em suas produções. Mas, porém, todavia: elas não são completamente qualitativamente diferentes! Elas, as mercadorias, ou melhor, os valores de uso, são átomos concentrados, ou seja: – prótons, elétrons e nêutrons. São matéria e material igual, massa igual, ou seja, peso igual (com a gravidade). O que lhes iguala são suas matérias. Se o valor é (forma de) energia, temos de ver que energia é massa (E=mc²), segundo Einstein, propriedade da matéria. Marx não vê a qualidade igual, o fato de serem as diferentes mercadorias materiais, matérias.

 

DEMONSTRAÇÕES DO VALOR-MATÉRIA

O valor-trabalho do qual tratamos antes e generalizamos, ainda é válido e completo, mas abaixo e dentro do valor-matéria. Entremos mais no absurdo.

Primeiro. A máquina perde valor ao desgastar-se, ao desmaterializar-se.

Segundo. O dinheiro ganha valor ao materializar-se na forma ímpar, o ouro (átomo pesado); depois, perde valor ao desmaterializar-se (prata, cobre, papel, bits.).

Terceiro. Lamentamos muito mais a morte de um grande elefante contra a morte de uma reles formiga. Por instinto, de causa inconsciente, associamos valor com materialidade – mais materialidade, aliás, mais raro, além de mais trabalho e energia exigir.

Quarto. Uma pedra mais material é, via de regra, mais útil e tem mais valor relativo à outra pedra inferior materialmente de mesmo tamanho etc.

Quinto. O ouro é difícil produzir nas estrelas, concentra muitos átomos.

Sexto. Tenta-se tirar componentes “desnecessários” da máquina para diminuir, assim, seu valor.

Sétimo. A deterioração de certa mercadoria também é sua perda de valor.

Oitavo. A abundância material é a base da liberdade e da felicidade.

Novo. Valor só pode existir dentro e junto de algo, de certa matéria.

Décimo. O que tem mais massa, em geral, mais matéria, tende a ter valor e preço maiores.

Décimo primeiro. A redução do valor e do preço da mercadoria está, hoje, ligada à redução de sua materialidade, ou seja, os produtos estão mais frágeis. Isto é: valor-matéria.

Décimo segundo. Marx afirma que o valor de certa mercadoria (forma relativa) se expressa na materialidade de outra (forma equivalente). Assim, sua separação por um abismo entre valor de uso e valor cai e desaba para dentro de si: a medida dos valores e o padrão de preços, por exemplo, fundem-se, ainda que de modo a abarcar a diferença etc.

Décimo terceiro, enfim. A água é barata por sua molécula ser fácil de se formar, precisa de átomos simples e “leves”, pouco materiais, oxigênio e hidrogênio, abundantes por facilidade relativa de produzir. O ouro é caro porque, como observamos, seus átomos unidos são “pesados”, complexos, com mais matéria-massa concentrado, lago mais raro, logo mais trabalho para produzir na estrela e extrair da terra, logo mais caro via de regra e tendencialmente.

Décimo quarto. Vejamos a relação com a dialética. Marx exclui todas as propriedades físicas da mercadoria (cor, massa, matéria, peso etc.) para chegar numa coisa-em-si invisível, o valor, a gelatina de trabalho dentro da coisa.

 

Abstraindo do valor de uso dos corpos-mercadorias, resta nelas uma única propriedade: a de serem produtos do trabalho. Mas mesmo o produto do trabalho já se transformou em nossas mãos. Se abstrairmos de seu valor de uso, abstraímos também dos componentes e formas corpóreas que fazem dele valor de uso. O produto não é mais uma mesa, uma casa, um fio ou qualquer coisa útil. Todas as qualidades sensíveis foram apagadas. E também já não é mais o produto do carpinteiro, do pedreiro, do fiandeiro ou de qualquer outro trabalho produtivo determinado. Com o caráter útil dos produtos do trabalho desaparece o caráter útil dos trabalhos nele representados e, portanto, também as diferentes formas concretas desses trabalhos, que não mais se distinguem uns dos outros, sendo todos reduzidos a trabalho humano igual, a trabalho humano abstrato. (Marx, O capital I, 2013, p. 116)(Marx, 2013, 116.)

 

E:

 

Consideremos agora o resíduo dos produtos do trabalho. Não restou deles a não ser a mesma objetividade fantasmagórica, uma simples gelatina de trabalho humano indiferenciado, isto é, do dispêndio de força de trabalho humano, sem consideração pela forma como foi despendida. O que essas coisas ainda representam é apenas que em sua produção foi despendida força de trabalho humano, foi acumulado trabalho humano. Como cristalizações dessa substância social comum a todas elas, são elas valores — valores mercantis. (Idem, 116.)

 

Mas, contra Kant, Hegel afirmou, Ciência da Lógica – Doutrina da Essência, embora não tenha sido o único, que a coisa ou a coisa-em-si sem suas propriedades nada é – e que tais propriedades são, veja só, matérias ou materiais. Assim, a coisa-em-si valor nada mais seria que suas próprias propriedades, ou seja, sua materialidade. A coisa-em-si, o valor, é a coisa.

Décimo quinto. Tanto no mundo inorgânico (Sol, buracos negros etc.), passando pelo biológico (macho dominante, o mais alto etc.), quanto no social (concentração de capital, ter mais dinheiro, ter maior população etc. – no social mental: ter grande casa ou carro, mais dinheiro etc.) ocorre o seguinte processo: mais matéria-massa concentrada, em relação aos demais e à média, logo, tende a ser a causa de atração, de ser orbitado, de agregar para si.

Décimo sexto. Unidade do valor e valor de uso: o ouro tornou-se dinheiro por excelência por sua materialidade singular – raro porque muito material (átomos pesados), imperecível, uniforme, fácil de dividir e fundir.

 

A teoria do valor-trabalho de Ricardo e, depois, de Marx tem função revolucionária, útil para o movimento social e para a humanidade. Além disso, está correta. Mas, por sua exatidão alta, impediu-se, além de tanto outros fatores, de ver o valor-matéria. Naquele tempo, mal se sabia dos átomos, por exemplo. A teoria do valor-trabalho está dentro da do valor-matéria.

 

VALOR-TRABALHO, VALOR-MATÉRIA E OFERTA-DEMANDA

Assim, também, conectamos a teoria do valor-trabalho com a teoria da oferta e da demanda (procura). Algo é raro, logo, com muito valor por ser difícil de extrair ou produzir, porque tem mais materialidade – porque tem mais materialidade, é muito mais difícil de existir. Por isso o ouro tem valor, sua raridade, ao exigir mais átomos para existir, exige trabalho extra.

Se a oferta e demanda se igualam, deixam de explicar o preço e valor. Tal teoria apenas explica-se desde a teoria do valor-trabalho e do valor-matéria.

 

A MATÉRIA É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS

A matéria é a própria realidade – por isso seu valor, sua base de valor. Quando dizemos que movimento = energia = tempo = espaço (meio) = matéria – dizemos, portanto, que a energia-valor nada mais é que a matéria. Assim fazemos a unidade, ainda que ainda contraditória, entre valor e valor de uso. Não mais externos um ao outro, não mais apenas estranhos.

Vejamos o parágrafo anterior. Marx diz que o preço da terra virgem não tem valor, pois não há trabalho gasto em sua produção, portanto, capital fictício; apenas há preço. Mas a terra, primeiro, tende a valer mais se ela é melhor, mais produtiva, então, mais rica materialmente! E, segundo, o oposto-idêntico-diferente de matéria é espaço ou movimento, logo, a terra mais distante tende a perder valor, preço. Portanto: a matéria é a medida de todas as coisas!

 

VALOR-MATÉRIA: UNIDADE DO MUNDO

Vale uma comparação histórica. Platão teve de dividir o mundo em dois opostos e separados: o mundo das ideias ou formas e o mundo da aparência ou material. Depois, em oposição, Aristóteles – ainda idealista, mas com toque materialista evidente – defendeu um só mundo, aqui, onde está a própria substância, a essência, o conteúdo, a forma etc. Marx dividiu economia em dois: mundo do valor de uso e mundo do valor. Agora, unifico ambos os mundos no valor-material.

 

DEDUÇÃO DA UNIDADE DO VALOR

As diferentes teorias sofisticadas do valor são muito mais do que apenas diferentes ou lado a lado: são uma só teoria com diferentes graus de abstração. Temos, então, uma teoria unificada da valorização. Assim, o valor dado está ligado à sua

 

1)  Raridade

Que nada mais expressa além do

 

2)  Trabalho médio – social ou natural – exigido para sua produção ou economizado

Que é um dado gasto de energia expresso de maneira imperfeita no

 

 

3)  Tempo médio exigido em sua criação

Ligado, portanto, à sua

 

4)  Utilidade

Que é, por sua vez e em cadeia, expressão pobre de sua

 

5. Materialidade (valor-matéria)

Tanto no sentido quantitativo quanto, em principal, qualitativo.

 

A conexão mais difícil de observar está entre 4 e 5. Vejamos. O ouro parece ter baixíssima utilidade, o que deveria gerar baixíssimo valor; mas ele é dinheiro por excelência por ser “pesadamente” material, logo, raro etc., o que faz dele o valor de uso útil por excelência, ou seja, trocável por tudo o mais. Por sua natureza social e natural, o ouro é o que é, natural socialmente desenvolvido, ou seja, socializado.

Nos meios vulgares, diz-se que o valor é subjetivo porque a água vale muito mais do que o ouro no deserto. Ora, em tal ambiente seco, a água é uma materialidade rara, difícil de produzir e pouco material presente. Aí a água vale muito por sua materialidade em seu contexto. Portanto, valor-matéria.

 

VALOR-MATÉRIA E MORAL

Já vimos a diferença entre o assassinato de um elefante e uma formiga. No mais, o direito moral trata da perda de certa propriedade (roubo) ou de certa materialidade (dinheiro, vida-corpo etc.).

 

VALOR-MATÉRIA E TOTALIDADE

Isso afastaria um tanto, como solução, o marxismo de sua necessária metafísica do valor – tão rejeitada pelos próprios marxistas, contra Marx. Um ponto de apoio seria que a empiria – econômica etc. – mostra-se impura, suja, concreta, impedindo a manifestação exata da lei do valor-matéria (no preço etc.). Tal visão, enfim, reconecta o mundo dos homens com o mundo natural. Marx nunca poderia, ou teria imensa dificuldade de, criar a teoria do valor-matéria, que, grosso modo, afirma que o valor deriva de maior materialidade relativa. Isso ocorre porque a ciência, a metafísica (a verdade está no todo), a física, a filosofia, a Dialética da natureza e a sociedade ainda não haviam atingido seus ápices, de origem comum, durante sua vida. Quando Marx diz que se pode virar e desvirar a mercadoria, mas nela não se encontrará nenhum átomo de valor; esquece que a matéria, representada no átomo etc., é o próprio valor.


                                                TRÍADE UNA DO VALOR

 

Na dialética, nada é – tudo está. Um conceito diz-se de muitas formas – uma só classificação e significado dá lugar aos muitos. Isso é superar o limite da mera e pobre definição. Desdobramos a categoria acima de seu simples e unitário definir.

 Feita a exposição metodológica, vejamos nossa teoria. O valor diz-se de muitos modos. Portanto, a busca de teoria geral deve considerar isso, elevar-se. O conceito geral e abstrato, valor, tem conceitos gerais e abstratos, mais e mas abaixo, seguintes:

 

1.      Bom

2.      Belo

3.      Bem

 

Eis os eixos unificados, separado a apenas na teoria, do valor. Nossa exposição é, aqui, esquemática para facilitar a apreensão, mas tudo ocorre de modo misturado e sob hierarquia do “bem”. Podemos observar, então, que cada fator corresponde a um aspecto:

 

1.      Bom – trabalho

2.      Belo – natural

3.      Bem – matéria, materialidade

 

Indo mais ao fundo:

 

1.      Bom – Ser social

2.      Belo – Ser biológico, orgânico

3.      Bem – Ser inorgânico

 

A aliteração que, em nossa língua, surge dos três fatores é uma boa coincidência. Repetimos que eles são ou estão misturados, não separados por uma parede, sob o bem – matéria – inorgânico. Diz-se que o consumidor capitalista procura o “bom, bonito e barato”, sendo que este último, descobrimos, demonstra o valor-matéria.

O belo como, em primeiro e mesmo se mediado, ter base natural e na biologia nos lembra que um animal venenoso parece um animal venenoso. Um ambiente sombrio parece um ambiente sombrio.

 

A OBJETIVIDADE NATURAL DA BELEZA

A arte não necessita ser agradável, mas, por derivação, a beleza é um tema importante – o belo é objetivo ou subjetivo? Está na realidade ou nos olhos de quem vê? Em primeiro lugar, beleza está na própria coisa, portanto, natural em si (tanto natural para a percepção do externo quanto no próprio externo); trata-se da beleza no geral, no universal, pois o lado animal do homem e suas percepções capta a beleza do mundo, desde sua vida prática para com animais e situações (o sombrio na arte tem, remete a, traços do sombrio na vida real). Mas, por outro lado, a beleza é algo humano no sentido histórico, determinada historicamente, socialmente; porém, sendo a beleza no particular, não nega de todo a beleza geral, natural, antes pode mediá-la ou deformá-la. Por último, temos a beleza no singular, no individual, que responde à própria formação pessoal e da psique, algo único – este medeia e, ao mesmo tempo, é mediado pelos outros dois. Assim, as polêmicas sobre o caráter do belo, dentro e fora da arte, são resolvidos, percebendo os próprios “níveis” que se misturam, um sendo a base do outro. Tenta-se refutar, por exemplo, a beleza natural geral, com o fato de existirem pessoas com gostos exóticos; por outro lado, tenta-se refutar a instância da beleza individual com a constatação de consensos gerais sobre se algo é belo, apontando para o objetivo ou, ao menos, o intersubjetivo. Os pontos de vista opostos acertam e erram ao mesmo tempo, são incompletos e sem mediações.


J. P. - Este texto é uma seção do meu livro "A metafísica marxista"




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