J. P.
SEÇÃO TRÊS
NOVA TEORIA
GERAL DO VALOR:
VALOR-TRABALHO E VALOR MATÉRIA
NOVA TEORIA
GERAL DO VALOR:
VALOR-TRABALHO
E VALOR MATÉRIA
Chegado
aqui, o leitor já percebeu a originalidade rara desta obra. Agora, faremos duas
ações, uma após a outra: 1) oferecer uma teoria do valor marxista a partir da
generalização da teoria apenas do valor econômico em Marx e 2) apresentar uma
teoria nova do valor, o valor-matéria, que abarca dentro de si o primeiro
generalizado. Assim, nossa teoria do valor é sobre todo tido de valoração, não
apenas na economia.
GENERALIZAÇÃO
DO VALOR-TRABALHO
O homem
primitivo necessitou compreender cada vez mais as propriedades do mundo, ou
seja, de modo rústico, já fazia ciência. Ao analisar o mundo, teve de descobrir
– não criar – valores, valorizar; esta pedra é ruim para este machado, mas bom
para tal tarefa. Pois bem; grosso modo, isso está em Lukács, então apenas vale
tratarmos do assunto se algo novo houver para ser dito.
O valor
artístico, por exemplo, dar-se pelo quanto de trabalho útil foi destinado na
sua produção, incluso o ganho de habilidade do artista. Mas o guia é o valor de
uso da arte, a mensagem fictícia. Se um “artista” dedica mil horas para pintar
um quadro preto de preto, perdeu seu tempo.
Lukács diz
da valoração com o exemplo do valor positivo de um bom vento para a embarcação.
Ora, a diferença atmosférica deslocou ar de um ponto para outro, logo trabalho
realizado. Na verdade, o valor tem origem direta em dois fatores opostos e
complementares, unidos: o trabalho exigido e o trabalho economizado (que pode
ser resumido no primeiro). Um mau vento exige mais trabalho, gasto extra –
menos valor tem, menos bom, ruim, é ele.
Considerado
isso, que trabalho e economia de trabalho são ambos base da valoração, o que os
unifica? O objetivo, a finalidade, o valor de uso – eis a medida, ou melhor, o
lastro da valoração. Uma arte somente é arte se tem mensagem fictícia (podendo
ser afirmada como bem ou mal, ruim, elaborada).
Na relação
homem e objeto, a valoração divide-se, no contexto, em bom e ruim. Nas relações
humanas, em bom e mau. Nada nisso de maniqueísmos, pois, por exemplo, um
operário lutador da causa operária, logo bom, pode ser machista, logo mau. O
que guia é o rumo da humanização da humanidade, o fim da alienação – a
finalidade.
Assim, a
valoração dos valores está lastreada, no trabalho, por isso, na história, por
isso, nas relações contextuais, logo, na finalidade.
Já dissemos
em outro lugar que o ouro vale muito porque se exige imenso trabalho para
extraí-lo da terra. Mas tal imenso trabalho é exigido porque se exige muita
energia-tempo-trabalho para produzi-lo nas estrelas, nas explosões estelares.
MORAL E
METAFÍSICA
Platão
ascende a conceitos cada vez mais gerais e abstratos até alcançar o Belo, o Bom
e o Bem. Para ele, os mais puros. Ora, existe um conceito ainda mais puro,
geral e abstrato. O belo, o bom e o bem – são o quê? São valor! Com tal
conceito, na economia Marx foi de fato ao mais abstrato. O bem (coisa privada)
não é o mais profundo ou, se quisermos, o mais etéreo: isso é o que está dentro
do valor de uso, o bem, ou seja, seu valor invisível dentro de si. Marx poderia
dar qualquer nome ao valor, já que é descoberta sua, mas lastreou a palavra na
metafísica.
TEORIA DO
VALOR-MATÉRIA
Marx convida
a duvidar de tudo, de todas as certezas – incluso as de sua poderosa produção.
Dito isso, José Paulo Netto afirma que, quando se quer atacar ou adaptar o
marxismo, foca-se em três eixos: contra a dialética, contra a teoria da
revolução e contra a teoria do valor-trabalho. Nosso foco será a questão do
último elemento.
Todas as
tentativas de negar ou ver contradição na teoria marxista do valor são, quando
muito, risíveis. Isso ocorre, simplesmente, porque ela está certa, completa e
correspondente em alto grau à realidade. Os críticos confundem, por exemplo,
valor e preço. Ora, por que a água, com a altíssima utilidade, apresenta-se tão
barata – mas o ouro, carente de utilidade, tão caro? Eis contradição da teoria
do valor subjetivo, do utilitarismo. Resposta de Marx e nossa: um exige mais
trabalho social e humano para produzir em relação ao outro, muito mais.
Mas é
possível afirmar totalmente a teoria marxista do valor e, ao mesmo tempo,
superá-la? Façamos a digressão e o exercício para fins filosóficos, pois é uma
teoria de todo correta. Apresento, agora, minha própria teoria – do valor-matéria.
O ERRO
PARCIAL DE MARX
Marx começa
sua obra com a seguinte pergunta: se duas mercadorias são qualitativamente,
completamente, diferentes – como elas são igualadas? Como isso é possível? Como
uma é trocável pela outra em certas quantidades? Como a passagem é famosa entre
o publico leitor deste livro, destacamos apenas o caso de Aristóteles. O grego
afirmou que um tanto de sofás são trocáveis por uma casa. Mas por quê? A troca
é consciente, mas a razão de tal trocabilidade é inconsciente, inconsciente
social. No entanto, o pensador antigo conclui que isso – a proporção de troca,
a permutabilidade – era mero jogo subjetivo, para fins práticos. Segundo Marx,
o gênio não foi capaz de responder por causa de sua época e por ser senhor de
escravos – mais uma vez, complementamos, o inconsciente social a agir. Ora,
responde ele, são iguais as mercadorias porque elas são frutos iguais de
trabalho humano! O tanto de trabalho gasto gera um tanto de valor, que as
iguala no mercado. Um tento de linho é trocável por um casaco porque ambos
possuem dentro de si a mesma quantidade de trabalho gasto em suas produções. Mas,
porém, todavia: elas não são completamente qualitativamente diferentes! Elas,
as mercadorias, ou melhor, os valores de uso, são átomos concentrados, ou seja:
– prótons, elétrons e nêutrons. São matéria e material igual, massa igual, ou
seja, peso igual (com a gravidade). O que lhes iguala são suas matérias. Se o
valor é (forma de) energia, temos de ver que energia é massa (E=mc²), segundo
Einstein, propriedade da matéria. Marx não vê a qualidade igual, o fato de
serem as diferentes mercadorias materiais, matérias.
DEMONSTRAÇÕES
DO VALOR-MATÉRIA
O
valor-trabalho do qual tratamos antes e generalizamos, ainda é válido e
completo, mas abaixo e dentro do valor-matéria. Entremos mais no absurdo.
Primeiro. A
máquina perde valor ao desgastar-se, ao desmaterializar-se.
Segundo. O
dinheiro ganha valor ao materializar-se na forma ímpar, o ouro (átomo pesado);
depois, perde valor ao desmaterializar-se (prata, cobre, papel, bits.).
Terceiro.
Lamentamos muito mais a morte de um grande elefante contra a morte de uma reles
formiga. Por instinto, de causa inconsciente, associamos valor com
materialidade – mais materialidade, aliás, mais raro, além de mais trabalho e
energia exigir.
Quarto. Uma
pedra mais material é, via de regra, mais útil e tem mais valor relativo à
outra pedra inferior materialmente de mesmo tamanho etc.
Quinto. O
ouro é difícil produzir nas estrelas, concentra muitos átomos.
Sexto.
Tenta-se tirar componentes “desnecessários” da máquina para diminuir, assim,
seu valor.
Sétimo. A
deterioração de certa mercadoria também é sua perda de valor.
Oitavo. A
abundância material é a base da liberdade e da felicidade.
Novo. Valor
só pode existir dentro e junto de algo, de certa matéria.
Décimo. O
que tem mais massa, em geral, mais matéria, tende a ter valor e preço maiores.
Décimo
primeiro. A redução do valor e do preço da mercadoria está, hoje, ligada à
redução de sua materialidade, ou seja, os produtos estão mais frágeis. Isto é:
valor-matéria.
Décimo
segundo. Marx afirma que o valor de certa mercadoria (forma relativa) se
expressa na materialidade de outra (forma equivalente). Assim, sua separação
por um abismo entre valor de uso e valor cai e desaba para dentro de si: a
medida dos valores e o padrão de preços, por exemplo, fundem-se, ainda que de
modo a abarcar a diferença etc.
Décimo
terceiro, enfim. A água é barata por sua molécula ser fácil de se formar,
precisa de átomos simples e “leves”, pouco materiais, oxigênio e hidrogênio,
abundantes por facilidade relativa de produzir. O ouro é caro porque, como
observamos, seus átomos unidos são “pesados”, complexos, com mais matéria-massa
concentrado, lago mais raro, logo mais trabalho para produzir na estrela e
extrair da terra, logo mais caro via de regra e tendencialmente.
Décimo
quarto. Vejamos a relação com a dialética. Marx exclui todas as propriedades
físicas da mercadoria (cor, massa, matéria, peso etc.) para chegar numa
coisa-em-si invisível, o valor, a gelatina de trabalho dentro da coisa.
Abstraindo do valor de uso dos corpos-mercadorias,
resta nelas uma única propriedade: a de serem produtos do trabalho. Mas mesmo o
produto do trabalho já se transformou em nossas mãos. Se abstrairmos de seu
valor de uso, abstraímos também dos componentes e formas corpóreas que fazem
dele valor de uso. O produto não é mais uma mesa, uma casa, um fio ou qualquer
coisa útil. Todas as qualidades sensíveis foram apagadas. E também já não é
mais o produto do carpinteiro, do pedreiro, do fiandeiro ou de qualquer outro
trabalho produtivo determinado. Com o caráter útil dos produtos do trabalho
desaparece o caráter útil dos trabalhos nele representados e, portanto, também
as diferentes formas concretas desses trabalhos, que não mais se distinguem uns
dos outros, sendo todos reduzidos a trabalho humano igual, a trabalho humano
abstrato. (Marx, O capital I, 2013, p. 116)(Marx, 2013, 116.)
E:
Consideremos agora o resíduo dos produtos do
trabalho. Não restou deles a não ser a mesma objetividade fantasmagórica, uma
simples gelatina de trabalho humano indiferenciado, isto é, do dispêndio de
força de trabalho humano, sem consideração pela forma como foi despendida. O
que essas coisas ainda representam é apenas que em sua produção foi despendida
força de trabalho humano, foi acumulado trabalho humano. Como cristalizações
dessa substância social comum a todas elas, são elas valores — valores
mercantis. (Idem, 116.)
Mas, contra
Kant, Hegel afirmou, Ciência da Lógica – Doutrina da Essência, embora não tenha
sido o único, que a coisa ou a coisa-em-si sem suas propriedades nada é – e que
tais propriedades são, veja só, matérias ou materiais. Assim, a coisa-em-si
valor nada mais seria que suas próprias propriedades, ou seja, sua
materialidade. A coisa-em-si, o valor, é a coisa.
Décimo
quinto. Tanto no mundo inorgânico (Sol, buracos negros etc.), passando pelo
biológico (macho dominante, o mais alto etc.), quanto no social (concentração
de capital, ter mais dinheiro, ter maior população etc. – no social mental: ter
grande casa ou carro, mais dinheiro etc.) ocorre o seguinte processo: mais
matéria-massa concentrada, em relação aos demais e à média, logo, tende a ser a
causa de atração, de ser orbitado, de agregar para si.
Décimo
sexto. Unidade do valor e valor de uso: o ouro tornou-se dinheiro por
excelência por sua materialidade singular – raro porque muito material (átomos
pesados), imperecível, uniforme, fácil de dividir e fundir.
Em sua
concretude, a teoria do valor-matéria exige observarmos três fatores:
I.
A matéria
II.
Suas
propriedades
III.
Seu contexto
material
A teoria do
valor-trabalho de Ricardo e, depois, de Marx tem função revolucionária, útil
para o movimento social e para a humanidade. Além disso, está correta. Mas, por
sua exatidão alta, impediu-se, além de tanto outros fatores, de ver o
valor-matéria. Naquele tempo, mal se sabia dos átomos, por exemplo. A teoria do
valor-trabalho está dentro da do valor-matéria.
VALOR-TRABALHO,
VALOR-MATÉRIA E OFERTA-DEMANDA
Assim,
também, conectamos a teoria do valor-trabalho com a teoria da oferta e da
demanda (procura). Algo é raro, logo, com muito valor por ser difícil de
extrair ou produzir, porque tem mais materialidade – porque tem mais
materialidade, é muito mais difícil de existir. Por isso o ouro tem valor, sua
raridade, ao exigir mais átomos para existir, exige trabalho extra.
Se a oferta
e demanda se igualam, deixam de explicar o preço e valor. Tal teoria apenas
explica-se desde a teoria do valor-trabalho e do valor-matéria.
A MATÉRIA É
A MEDIDA DE TODAS AS COISAS
A matéria é
a própria realidade – por isso seu valor, sua base de valor. Quando dizemos que
movimento = energia = tempo = espaço (meio) = matéria – dizemos, portanto, que
a energia-valor nada mais é que a matéria. Assim fazemos a unidade, ainda que
ainda contraditória, entre valor e valor de uso. Não mais externos um ao outro,
não mais apenas estranhos.
Vejamos o
parágrafo anterior. Marx diz que o preço da terra virgem não tem valor, pois
não há trabalho gasto em sua produção, portanto, capital fictício; apenas há
preço. Mas a terra, primeiro, tende a valer mais se ela é melhor, mais
produtiva, então, mais rica materialmente! E, segundo, o
oposto-idêntico-diferente de matéria é espaço ou movimento, logo, a terra mais
distante tende a perder valor, preço. Portanto: a matéria é a medida de todas
as coisas!
Marx não vê
que que há unidade do quantitativo (valor) e do qualitativo (valor de uso) na
medida.
VALOR-MATÉRIA:
UNIDADE DO MUNDO
Vale uma
comparação histórica. Platão teve de dividir o mundo em dois opostos e
separados: o mundo das ideias ou formas e o mundo da aparência ou material.
Depois, em oposição, Aristóteles – ainda idealista, mas com toque materialista
evidente – defendeu um só mundo, aqui, onde está a própria substância, a
essência, o conteúdo, a forma etc. Marx dividiu economia em dois: mundo do
valor de uso e mundo do valor. Agora, unifico ambos os mundos no
valor-material.
DEDUÇÃO DA
UNIDADE DO VALOR
As
diferentes teorias sofisticadas do valor são muito mais do que apenas
diferentes ou lado a lado: são uma só teoria com diferentes graus de abstração.
Temos, então, uma teoria unificada da valorização. Assim, o valor dado está
ligado à sua
1) Raridade
Que nada
mais expressa além do
2) Trabalho médio – social ou natural – exigido
para sua produção ou economizado
Que é um
dado gasto de energia expresso de maneira imperfeita no
3) Tempo médio exigido em sua criação
Ligado,
portanto, à sua
4) Utilidade
Que é, por
sua vez e em cadeia, expressão pobre de sua
5.
Materialidade (valor-matéria)
Tanto no
sentido quantitativo quanto, em principal, qualitativo.
A conexão
mais difícil de observar está entre 4 e 5. Vejamos. O ouro parece ter
baixíssima utilidade, o que deveria gerar baixíssimo valor; mas ele é dinheiro
por excelência por ser “pesadamente” material, logo, raro etc., o que faz dele
o valor de uso útil por excelência, ou seja, trocável por tudo o mais. Por sua
natureza social e natural, o ouro é o que é, natural socialmente desenvolvido,
ou seja, socializado.
Nos meios
vulgares, diz-se que o valor é subjetivo porque a água vale muito mais do que o
ouro no deserto. Ora, em tal ambiente seco, a água é uma materialidade rara,
difícil de produzir e pouco material presente. Aí a água vale muito por sua
materialidade em seu contexto. Portanto, valor-matéria.
VALOR-MATÉRIA
E MORAL
Já vimos a
diferença entre o assassinato de um elefante e uma formiga. No mais, o direito
moral trata da perda de certa propriedade (roubo) ou de certa materialidade
(dinheiro, vida-corpo etc.).
VALOR-MATÉRIA
E TOTALIDADE
Isso
afastaria um tanto, como solução, o marxismo de sua necessária metafísica do
valor – tão rejeitada pelos próprios marxistas, contra Marx. Um ponto de apoio
seria que a empiria – econômica etc. – mostra-se impura, suja, concreta,
impedindo a manifestação exata da lei do valor-matéria (no preço etc.). Tal
visão, enfim, reconecta o mundo dos homens com o mundo natural. Marx nunca
poderia, ou teria imensa dificuldade de, criar a teoria do valor-matéria, que,
grosso modo, afirma que o valor deriva de maior materialidade relativa. Isso
ocorre porque a ciência, a metafísica (a verdade está no todo), a física, a
filosofia, a Dialética da natureza e a sociedade ainda não haviam atingido seus
ápices, de origem comum, durante sua vida. Quando Marx diz que se pode virar e
desvirar a mercadoria, mas nela não se encontrará nenhum átomo de valor;
esquece que a matéria, representada no átomo etc., é o próprio valor.
A teoria do
valor-matéria é a raiz de dois do marxismo. Como entender de fato o
capitalismo, com o conceito central de valor econômico, sem entender o cosmos e
o lado universal da valoração? Avança-se imensamente, mas até certo ponto.
Darwin refinou sua teoria por 10 anos na esperança de evitar acusações e
polêmicas – mas o escândalo foi geral e inevitável. Aqui, apresento algo
primeiro, a ser desenvolvido para além do modo de ensaio.
ASPECTOS
QUANTITATIVOS
Demonstramos
que massa, tamanho e quantidade estão relacionados no qualitativo, no seu
valor. E demos tambémca prova qualitativa do valor-matéria. Vejamos agora a
tabela periódica e sua relação, tendencial, por aproximação, entre peso atômico
e preço:
É visível
tendência. Veja-se que, para direita e para baixo, os elementos mais pesados
tendem a ter preços maiores. Certos desvios parciais dão-se por questões
conjunturais, além de desvios como certo nível de monopolização. Outros, por
estruturais: o hidrogênio só há na realidade associado quimicamente, mesmo que
com outro exemplar de si. Além do mais, o contexto material importa: a formação
do Sol, por disputas gravitacionais, tendeu a atrair elementos mais leves, que
escapram das formações palentárias em curso, deixando um tanto mais de
elementos pesados de maneira relativa. Os elementos ainda mais pesados sequer
preço claro possuem de tão raros e caros, de tão materiais e de tanto trabalho
exigidos.
A rararidade
e, por isso, a materialidade, determina também limites de presença nos
elementnos químicos. Nessa indútria de base, todos os produto mais avançados na
linha de produção devem responder aos preços das mercadorias ou elementos de
base, mesmo que por mediações.
Pelo valor-trabalho,
mesmo que seja o central, a explicação de tal precificação fica incompleta e
recheada de jogos teóricos. Se só o valor-trabalho atuasse, os preços tenderiam
a se igualar por mais investimento, visto o lucro alto, maior controle estatal
dos preços e, também, por, dada a raridade, substituição por materiais de similar
propriedade e, claro, máquinas moderníssimas com altíssima produtividade
barateadora. Isso deformaria tudo, fazendo um caos sem padrão. Mas não
acontece, não e nem de longe no nível esperado. A coisa se explica pela “renda
da terra”, ou seja, a materialidade, suas propriedades, seu contexto e sua
raridade, base do trabalho maior na sua produção ou extração. Pode-se usar o
argumento do monoólio, mais comum no setor, mas ele, quando de fato há, é,
antes, consequência, não causa! O valor-matéria, o lugar de negar, afirma e
aprofunda o valor-trabalho, além de conectar meslhor este com a a lei da
oferta-demanda.
TRÍADE UNA
DO VALOR
Na
dialética, nada é – tudo está. Um conceito diz-se de muitas formas – uma só
classificação e significado dá lugar aos muitos. Isso é superar o limite da
mera e pobre definição. Desdobramos a categoria acima de seu simples e unitário
definir.
Feita a
exposição metodológica, vejamos nossa teoria. O valor diz-se de muitos modos.
Portanto, a busca de teoria geral deve considerar isso, elevar-se. O conceito
geral e abstrato, valor, tem conceitos gerais e abstratos, mais e mas abaixo,
seguintes:
1.
Bom
2.
Belo
3.
Bem
Eis os eixos
unificados, separado a apenas na teoria, do valor. Nossa exposição é, aqui,
esquemática para facilitar a apreensão, mas tudo ocorre de modo misturado e sob
hierarquia do “bem”. Podemos observar, então, que cada fator corresponde a um
aspecto:
1.
Bom –
trabalho
2.
Belo –
natural
3.
Bem –
matéria, materialidade
Indo mais ao
fundo:
1.
Bom – Ser
social
2.
Belo – Ser
biológico, orgânico
3.
Bem – Ser
inorgânico
A aliteração
que, em nossa língua, surge dos três fatores é uma boa coincidência. Repetimos
que eles são ou estão misturados, não separados por uma parede, sob o bem –
matéria – inorgânico. Diz-se que o consumidor capitalista procura o “bom,
bonito e barato”, sendo que este último, descobrimos, demonstra o
valor-matéria.
O belo como,
em primeiro e mesmo se mediado, ter base natural e na biologia nos lembra que
um animal venenoso parece um animal venenoso. Um ambiente sombrio parece um
ambiente sombrio
.
A
OBJETIVIDADE NATURAL DA BELEZA
A arte não
necessita ser agradável, mas, por derivação, a beleza é um tema importante – o
belo é objetivo ou subjetivo? Está na realidade ou nos olhos de quem vê? Em
primeiro lugar, beleza está na própria coisa, portanto, natural em si (tanto
natural para a percepção do externo quanto no próprio externo); trata-se da
beleza no geral, no universal, pois o lado animal do homem e suas percepções
capta a beleza do mundo, desde sua vida prática para com animais e situações (o
sombrio na arte tem, remete a, traços do sombrio na vida real). Mas, por outro
lado, a beleza é algo humano no sentido histórico, determinada historicamente,
socialmente; porém, sendo a beleza no particular, não nega de todo a beleza
geral, natural, antes pode mediá-la ou deformá-la. Por último, temos a beleza
no singular, no individual, que responde à própria formação pessoal e da
psique, algo único – este medeia e, ao mesmo tempo, é mediado pelos outros
dois. Assim, as polêmicas sobre o caráter do belo, dentro e fora da arte, são
resolvidos, percebendo os próprios “níveis” que se misturam, um sendo a base do
outro. Tenta-se refutar, por exemplo, a beleza natural geral, com o fato de
existirem pessoas com gostos exóticos; por outro lado, tenta-se refutar a
instância da beleza individual com a constatação de consensos gerais sobre se
algo é belo, apontando para o objetivo ou, ao menos, o intersubjetivo. Os
pontos de vista opostos acertam e erram ao mesmo tempo, são incompletos e sem
mediações.
EXTRA: O
LIMITE NO ACERTO DE LUKÁCS
Sou, além de
trostskista ou kurziano etc., um lukácsiano. Mas o conjunto de minha obra
refuta parte importante de sua produção e, outra parte, suprassume, supera o
ainda mantido. Entre outros tantos erros, Lukács pensou a valoração como, em
primeiro, algo subjetivo, ideal, ideologia. Com a generalização do
valor-trabalho e a descoberta do valor-matéria, podemos ver com facilidade seu
erro e seu limite em seus manuscritos finais. O valor da coisa está na própria
coisa, pois é ela mesma. Algo, portanto, objetivo, no mundo, factual - material
e materialista, antes de idealista. Muitas vezes, apenas de modo inconsciente
sabe-se do valor, ou seja, sabe-se o valor na consciência, para fins práticos,
mas não se sabe a sua causa (um inconsciente ao mesmo tempo pessoal e social) –
algo a ser desvendado pela teoria. A matéria é a medida da matéria, dela mesma,
repetimos: a matéria é a medida de todas as coisas! Spinosa pensou a existência
de uma só substância, mas ele perde a mediação: os atributos são formados por
variadas substâncias, não apenas uma spinozista - estas, por sua vez, são, no
fundo, a mesma substância, apenas um agora, em quantidades diferentes, o que
gera qualidades (substâncias) diferentes, pois meras mudanças de quantidade
geram mudanças de qualidade - tal substância única e essencial, a matéria,
dilui-se em espaço, causa da infinitude na quarta dimensão, que é a própria
matéria decaída. Espaço é matéria, são um sendo dois. No fim, o movimento é a
queda da coisa em si mesma (orbita a si mesma), na quarta dimensão espacial –
casa do infinito, da energia, do valor, do movimentar, ou seja, um abismo para
dentro de si. Lukács, um mestre para todo o resto da história da humanidade,
sequer chegou perto dessas considerações.