O QUE É SONETO NOVO
J.P. Teresina-PI
A arte poética cindiu-se entre o poema de forma fixa e o
poema de forma livre. No entanto, há o caminho do meio. O primeiro modelo
proposto são poemas que seguem a seguinte formatação: curta estrofe de
apresentação, estrofes de desenvolvimento, estrofe de transição em que os
versos são “quebrados” para induzir à leitura ininterrupta, estrofe final com
chave de ouro. Chamo-lhes soneto novo. A segunda proposta é, em termos
hegelianos, conhecida, mas não reconhecida; nomeio-o refrão. Também pertence à
forma fusionada, por assim dizer, de rigidez livre como a escada rolante que é,
ao mesmo tempo, firme e flexível. Nas páginas posteriores, o leitor perceberá a
forma interna no informe externo, o necessário no contingente. Os poetas têm o
desafio de utilizar o acúmulo histórico das escolas literárias para criar
“modelos” novos.
• SONETO NOVO I •
Existem
borboletas
Cujo
sonho é cair
Borboletas
suicidas
Muitas
delas coloridas
Tropicais
Exclamações
melancólicas
Pairando
Paradas
no firmamento
Branco
e azul
Urubus
florais
Cemitérios
flutuantes
Em
confronto contra
Os
ventos
Pois
a aerodinâmica
Da
vida
No
tempo do
Abate
Fortalece
para
Matar
Matar-se-ão
Multicolores
e ondulantes fragmentos acima do cinza
•
SONETO NOVO II •
O nada é ser no devir…
O vazio que me comove
É o sentimento universal do universo!
Sinto a falta sentida pelo cosmos
Como a falta de si próprio
Vir a ser aquilo que já é por meio de outro
No movimento perpétuo de toda unidade
Eis os
Opostos tomando
A forma de um
Hermafroditismo filosófico
O nada ir-se do nada ao nada por meio do nada!
•
SONETO NOVO III •
A menor distância entre um ponto e outro é
Uma curva
Se as condições do mundo fossem simples
Desexistiria mundo
Tudo está em oculta guerra civil
E nada há desprovido de resistência
A interação de todos os tipos de corpos
A curvatura do tecido espaço-tempo
O radiante raio por seus caminhos tortos, tortuosos
A concha do
Caracol faz
Uma espiral que
Se nega e se afirma no
Seu evolver, pois
Tem o impulso de ir para fora indo
Também
Para dentro!
Curvo-me em mim, que não suporto todo este peso,
Como quem delira curva-se diante do talvez deus do cosmos
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