Como definir (e isso é central) se uma política “em si” é progressiva?
A
resposta mais simples e, por isso, parcialmente errada, é se leva melhorias aos
trabalhadores.
Daí arranjamos 2 problemas:
O governo é progressivo em sua totalidade? Sim ou não?
Os assalariados são de
vários tipos, categorias e setores. A classe trabalhadora é heterogênea. Qual classe social e qual setor de classe se beneficia?
Método
Esse artigo se localiza na oposição de esquerda ao governo do
PT/DILMA. Caracteriza-o como uma governo de frente popular, oportunista e à
serviço dos ricos contra os trabalhadores. Devemos, portanto, jugar o governo
pela sua totalidade.
Mas, mesmo o mais fascista dos governos pode promover
reformas. E, logicamente, chamamos algo pelo nome. A “cartilha” marxiana reza: sempre
que um governo inimigo promover uma reforma, dizemos que é boa, mas não o bastante
e dizemos/exigimos mais.
E aqui voltamos à questão
central: o “Mais Médico” é reforma ou, ao contrário, uma contrarreforma?
Para os médicos nacionais é, de fato, contrarreforma, tira-lhes vagas e tende a reduzir o salário. Aos trabalhadores precarizados das pequenas cidades, por motivos óbvios, é uma reforma. Aos médicos cubanos, idem (salário, emprego e alguma limitada liberdade política).
Para os médicos nacionais é, de fato, contrarreforma, tira-lhes vagas e tende a reduzir o salário. Aos trabalhadores precarizados das pequenas cidades, por motivos óbvios, é uma reforma. Aos médicos cubanos, idem (salário, emprego e alguma limitada liberdade política).
O que vemos é a contradição, uma disputa interna entre os assalariados. Esses conflitos internos ocorrem em todas as classes sociais e entre as classes oprimidas. Naturalmente,
como comunistas, ficamos do lado dos menos privilegiado nessa relação. Os médicos
brasileiros são, visivelmente, uma aristocracia entre os assalariados de classe
média.
Dessa relação percebemos os erros nas esquerdas:
A estalinista/governista faz uma defesa acrítica seja por
subordinação ao governo seja por intolerância a qualquer denuncia contra a ditadura
cubana. É, pois, uma posição oportunista e parcialmente correta.
Algumas correntes trotyskitas e o PSTU erram ao supor uma
ligação mecânica entre “governo das contrarreformas” e essa atitude específica
na saúde.
Ambos os casos representam uma posição não operária e uma certa influência (não necessariamente negativa) dos servidores públicos entre
os quadros.
“Exigir além disso” e
as Jornadas de Junho
Esse método (exigir sempre mais reformas) supõe que digamos:
1. “Não basta o Mais Médicos é preciso mais
verbas para o SUS Já”;
2. “Direitos aos médicos cubanos e salário igual à média de um brasileiro na mesma
profissão”.
De uma reforma, sem defender o governo, exigimos outra(s) reforma(s).
Esse programa federal ajudou a consolidar a reeleição de
Dilma. Os votos nas pequenas cidades e
no interior foram vitais ao petismo. Mas a razão de fundo é a mobilização popular, foi uma reforma, uma
reação do governo do PT à pressão juvenil de Junho de 2013.
Aquela luta nacional obteve várias vitórias colaterais (a mais curiosa, provavelmente, é o enfraquecimento da família Sarney).
PS: esse artigo breve também sintetiza observações de outros
companheiros, todos do PSTU, com quem conversei sobre o tema quando do lançamento. Como se sabe o partido adota o centralismo publicamente.
Longe de ser crítica, é um reconhecimento informal da contribuição coletiva.
João Paulo da Síria.
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