HEGEL: PAI DA TEORIA DO BIG BANG
Esta tese, exposta no título,
apresenta-se ousada; porém, estava sempre diante de nós. Na sua metafísica
lógica, Ciência da Lógica, Hegel ofereceu a base de sua cosmologia, cujo
movimento se repete no concreto de outras modalidades do Ser (ser biológico e
ser social). Vejamos, passo a passo.
A TEORIA
A teoria da grande expansão (não
se sabe sua causa) afirma que tudo no universo estava concentrado em um só
ponto menor que um átomo. De onde veio tal átomo primordial, evita-se perguntar
(Hegel responderá). O espaço expandiu-se por algum misterioso motivo (também
respondido por Hegel, mas minha resposta é mais completa) e a matéria decaiu-se
em partículas menores, cada vez menores. Em certo ponto, a quantidade igual e
nova de matéria e anti-matéria deveria forçar uma atração entre elas e se
aniquilarem em luz – mas, segundo os físicos, de modo mágico, não aconteceu tal
encontro e, ainda, só temos matéria praticamente, sem antimatéria no cosmos…
Com o esfriamento do universo, formaram-se átomos, por atração, por união de
prótons e elétrons. O encontro de partículas formou estrelas, que produzem átomos
mais pesados.
HEGEL
Hegel afirma que o infinito
cósmico, único existente, algo como um círculo, sem começo nem fim, desaba, colapsa,
no “um” ou “uno”. É o início de tudo. Tal um, em relação com o vazio (sendo o próprio
vazio, podendo ser o vazio o espaço), fragmentou-se nos “muitos”, nos vários
“unos”. Ai, na Lógica do Ser, já vemos a teoria do Big Bang. Tal movimento do
uno para os muitos ocorre em toda a realidade, mas ele tinha em mente o universo,
como veremos.
O segundo movimento, após a
repulsão do “um” em “muitos”, está na atração: os muitos unem-se em um “um”.
Mais: o “um” por tal reunir formado é produtivo. Assim, temos as estrelas, que
produzem novos uns, ou seja, novos elementos químicos, novos fótons, novos
neutrinos.
Então há o movimento eternizante
de o um colapsar em muitos – os muitos unirem-se em um etc. Está lá, na Ciência
da Lógica.
De modo abstrato, “um” ou “uno”
no lugar de átomo, Hegel é o pai real da teoria (lembremos que na sua época a
química e a física de partículas eram iniciais em demasia e confusas, recheadas
de teses diversas e opostas). Ele não insinuou uma resposta sobre o início de
tudo – fez muito mais: propôs.
LEITORES DE HEGEL
Os leitores de O Capital de Marx,
sendo marxistas, não conseguiam ver o que estava diante dos olhos, que o valor
era uma substância interna nas mercadorias (invisível, mas real e dedutível). Do
mesmo modo, Hegel foi adaptado aos leitores e às suas visões de mundo
limitadas. Ninguém percebeu sua contribuição cosmológica porque não eram
capazes de ver. Há que se verificar em biografia se Georges Lemaître pensou a
teoria do Big Bang também inspirado em Hegel, pois padres costumam ler o
filósofo com afinco.
TESES DE HEGEL
Hegel tem mais a dizer. Para ele,
a uno produtivo (estrela) pode produzir do nada ao ser – em nossa adaptação, o
espaço é concentrado, em concentração por gravidade, formando fótons e/ou
neutrinos.
Já dissemos que, para ele, o
infinito qualitativo desaba no átomo primordial (uno). O motivo disso,
explicamos em outro momento.
De Hegel, também podemos extrair a ideia - vinda já da Grécia antiga - de que o universo expande-se e contrai-se, em ciclos universais, de reinício.
KANT
Na sua teoria do Big Bang, Hegel
está a criticar Kant sem rodeios. Este afirmava que havia uma nuvem de
partículas que se concentrou e formou o Sol e os planetas. Certo, mas de onde
vieram as partículas espalhadas? Ora, do um! – Seja o um primeiro “um” ou a
geração anterior de estrelas.
Isso, porém abre de duas teses.
Ou o “um” foi primordial e único, o que está explícito em Hegel, ou, derivação
natural, todas as estrelas do universo sugiram separadas, como do nada ao ser,
como do espaço à matéria – e, talvez, ao mesmo tempo. Mas isso seria, de certo
modo, anti-histórico, logo, anti-hegeliano.
A homenagem dos físicos a Hegel
até hoje não foi feita. Ele é um pensador revolucionário demais para ser
reconhecido sem luta. Com minhas explicações adicionais (resolução das lacunas)
para a teoria completa do Big Bang – a matéria e a luz decaem, ou esfriam,
formando mais espaço; espaço, luz e matéria são o mesmo no fundo,
espaço-matéria; houve o encontro de matéria e antimatéria que formou luz pesada
e, logo, de modo colateral, alguma matéria por encontro construtivo de ondas etc.
– temos a dialética no seu devido lugar. Hegel continua um gigante incontornável.
O problema era que, antes, não estávamos á sua altura, incompreensível. Apenas
com dialética, chegamos às verdades totais, primeiras e gerais.