sábado, 2 de dezembro de 2023

Hegel: pai da teoria do Big Bang

HEGEL: PAI DA TEORIA DO BIG BANG

 

Esta tese, exposta no título, apresenta-se ousada; porém, estava sempre diante de nós. Na sua metafísica lógica, Ciência da Lógica, Hegel ofereceu a base de sua cosmologia, cujo movimento se repete no concreto de outras modalidades do Ser (ser biológico e ser social). Vejamos, passo a passo.

 

A TEORIA

A teoria da grande expansão (não se sabe sua causa) afirma que tudo no universo estava concentrado em um só ponto menor que um átomo. De onde veio tal átomo primordial, evita-se perguntar (Hegel responderá). O espaço expandiu-se por algum misterioso motivo (também respondido por Hegel, mas minha resposta é mais completa) e a matéria decaiu-se em partículas menores, cada vez menores. Em certo ponto, a quantidade igual e nova de matéria e anti-matéria deveria forçar uma atração entre elas e se aniquilarem em luz – mas, segundo os físicos, de modo mágico, não aconteceu tal encontro e, ainda, só temos matéria praticamente, sem antimatéria no cosmos… Com o esfriamento do universo, formaram-se átomos, por atração, por união de prótons e elétrons. O encontro de partículas formou estrelas, que produzem átomos mais pesados.

 

HEGEL

Hegel afirma que o infinito cósmico, único existente, algo como um círculo, sem começo nem fim, desaba, colapsa, no “um” ou “uno”. É o início de tudo. Tal um, em relação com o vazio (sendo o próprio vazio, podendo ser o vazio o espaço), fragmentou-se nos “muitos”, nos vários “unos”. Ai, na Lógica do Ser, já vemos a teoria do Big Bang. Tal movimento do uno para os muitos ocorre em toda a realidade, mas ele tinha em mente o universo, como veremos.

O segundo movimento, após a repulsão do “um” em “muitos”, está na atração: os muitos unem-se em um “um”. Mais: o “um” por tal reunir formado é produtivo. Assim, temos as estrelas, que produzem novos uns, ou seja, novos elementos químicos, novos fótons, novos neutrinos.

Então há o movimento eternizante de o um colapsar em muitos – os muitos unirem-se em um etc. Está lá, na Ciência da Lógica.

De modo abstrato, “um” ou “uno” no lugar de átomo, Hegel é o pai real da teoria (lembremos que na sua época a química e a física de partículas eram iniciais em demasia e confusas, recheadas de teses diversas e opostas). Ele não insinuou uma resposta sobre o início de tudo – fez muito mais: propôs.

  

LEITORES DE HEGEL

Os leitores de O Capital de Marx, sendo marxistas, não conseguiam ver o que estava diante dos olhos, que o valor era uma substância interna nas mercadorias (invisível, mas real e dedutível). Do mesmo modo, Hegel foi adaptado aos leitores e às suas visões de mundo limitadas. Ninguém percebeu sua contribuição cosmológica porque não eram capazes de ver. Há que se verificar em biografia se Georges Lemaître pensou a teoria do Big Bang também inspirado em Hegel, pois padres costumam ler o filósofo com afinco.

 

TESES DE HEGEL

Hegel tem mais a dizer. Para ele, a uno produtivo (estrela) pode produzir do nada ao ser – em nossa adaptação, o espaço é concentrado, em concentração por gravidade, formando fótons e/ou neutrinos.

Já dissemos que, para ele, o infinito qualitativo desaba no átomo primordial (uno). O motivo disso, explicamos em outro momento.

De Hegel, também podemos extrair a ideia - vinda já da Grécia antiga - de que o universo expande-se e contrai-se, em ciclos universais, de reinício.

 

KANT

Na sua teoria do Big Bang, Hegel está a criticar Kant sem rodeios. Este afirmava que havia uma nuvem de partículas que se concentrou e formou o Sol e os planetas. Certo, mas de onde vieram as partículas espalhadas? Ora, do um! – Seja o um primeiro “um” ou a geração anterior de estrelas.

Isso, porém abre de duas teses. Ou o “um” foi primordial e único, o que está explícito em Hegel, ou, derivação natural, todas as estrelas do universo sugiram separadas, como do nada ao ser, como do espaço à matéria – e, talvez, ao mesmo tempo. Mas isso seria, de certo modo, anti-histórico, logo, anti-hegeliano.

 

A homenagem dos físicos a Hegel até hoje não foi feita. Ele é um pensador revolucionário demais para ser reconhecido sem luta. Com minhas explicações adicionais (resolução das lacunas) para a teoria completa do Big Bang – a matéria e a luz decaem, ou esfriam, formando mais espaço; espaço, luz e matéria são o mesmo no fundo, espaço-matéria; houve o encontro de matéria e antimatéria que formou luz pesada e, logo, de modo colateral, alguma matéria por encontro construtivo de ondas etc. – temos a dialética no seu devido lugar. Hegel continua um gigante incontornável. O problema era que, antes, não estávamos á sua altura, incompreensível. Apenas com dialética, chegamos às verdades totais, primeiras e gerais.

 

 

 J. P.


Parte do Livro "A metafísica marxista"