ABC DA ARTE MILITAR –
PARA REVOLUCIONÁRIOS
POR UM MANUAL MILITAR
J. P.
Diante da confusão armada desde a guerra da Ucrânia, senti necessidade de fazer um resumo claro, ainda que um tanto esquemático, da arte militar. Somos os amadores mais amadores sobre o tema, confessemos. O texto visa assim, ajudar com velocidade a resolver tal lacuna. São tempos de crise do imperialismo e do sistema global; portanto, tempos de guerra.
[glossário apenas ao final do texto]
5 LEIS DA OFENSIVA
1. A
OFENSIVA É MENOS VANTAJOSA QUE A DEFENSIVA
Ao invadir o território, o exército invasor está
diante de a) problemas na logística por se afastar de seu próprio país, b) um
inimigo com moral alta por defender-se, c) um inimigo que, após recuar muito,
está concentrado, d) um inimigo que conhece bem o território, e) um inimigo bem
posicionado.
2. OS
PAPÉIS TERÃO DE SER INVERTIDOS, OFENSIVA E DEFENSIVA
Quem invadiu, ofensiva, deve, depois, defender parte
daquilo conquistado, portanto defensiva. Quem foi invadido, defensiva, deve
passar para a conquista ou retomada do perdido, portanto ofensiva.
3. A
FORÇA DE INVASÃO É CADA VEZ MENOR
É raro aumentar a força, ímpeto, o número de
soldados e ao moral depois de meses ou anos. Perde-se poder com o tempo, tempo
este que, via de regra, ajuda o invadido (desgaste político do invasor em seu
próprio país etc.).
4. SE
INVADIR, USAR TODA A FORÇA DE UMA VEZ
Não se deve perder tempo no início: avançar o máximo
possível e tão veloz quanto. Não ir por camadas e posições seguras.
5. SE
INVADIR, USE DA SURPRESA
Se possível, deve-se invadir com máximo segredo, de
uma vez, de repente.
PARA UM MANUAL MILITAR
Existem regras gerais, universais, para a arte da
guerra? Há, pelo menos, afirmações que são encontradas de modo semelhante entre
os principais tratados militares da história. Aqui, como um glossário geral,
apresentamos certas “leis” que se repetem mesmo com alterações significativas
na concretude dos conflitos. Abaixo, desenvolveremos cada um dos pontos.
1. A
guerra é resultado da economia
Razão militar
Os filmes costumam afirmar a luta do poder pelo…
poder, como algo abstrato e vazio. É um grande engano; via de regra, a guerra
tem objetivo de gerar riquezas ao vencedor ou ao agressor. Pode-se invadir uma
ilha próxima para ter apenas melhor localização militar, mas mesmo
indiretamente há o objetivo lucrativo.
O Estado socialista, que visa ao bem-estar da maioria,
com economia planejada e centralizada, tem mais facilidade de girar recursos
para o conflito, rumo à vitória.
Cada época com sua forma de guerra
Cada época exige uma forma de fazer guerra. O
problema, então, é que se cristaliza um modo militar obsoleto, mas que teima em
manter-se até o último grão de minuto.
O escravismo no início tem um modo militar diferente
de seu auge-crise. Via de regra, quando a força militar deixa de ser feita com
os cidadãos livres armados, quando se profissionaliza a força de guerra, a
decadência ocorre; foi assim no escravismo e é assim hoje, no capitalismo. Uma
casta com desejos próprios surge e desestabiliza o estado.
O modo militar feudal baseava-se no feudo isolado,
em autodefesa desde os cavaleiros em postos de comando. Ora, isso resolveu a
crise militar anterior, do escravismo romano – mas também se tornou atrasado.
Os novos exércitos inglês e francês mudaram radicalmente o modo de guerrear, de
acordo com o mundo novo, burguês; por exemplo, o cargo de comando passou a ser
dado por mérito, não mais por origem de sangue; com o crescimento das cidades,
o abastecimento das tropas passou a ocorrer nos locais urbanos por onde se
passava por meio de compras, confisco ou em harmonia com o poder local.
O socialismo substituirá progressivamente, desde seu
começo, o exército por o povo armado, com leves e pesados calibres, e com
treinamento básico, até que o comunismo tenha armas apenas para jogos e
esportes, numa humanidade unificada. Isso é condição da democracia, do bom governo,
da segurança e da superioridade militar socialista em seu começo, quando ainda
haverá países capitalistas. Diz Maquiavel: apenas o mau governante teme seu
povo armado.
De qualquer modo, vale destacar a regra geral:
raramente o objetivo é destruir totalmente o inimigo, mas tornar para ele
demasiado custoso manter o conflito.
Empresas de guerra
Se a guerra em si, de modo direto, passa a ser fonte
de lucro, seja do infante ou seja do exército, então o Estado ou o governo cai.
Se o capitalismo hoje se levasse a sério, proibiria empresas de mercenários,
empresas privadas de produção para guerra etc. Mas o caminho é, agora, o
oposto: até pseudoestados como o de Israel dependem da construção civil e da
empresa militar para sua economia, logo necessita de guerra para tomar terras,
reconstruir e aumentar as ações na bolsa de suas empresas militares.
A guerra, se injusta em especial, tantas vezes
derruba o governo ou mesmo o sistema nos países em conflito.
2. A
guerra é a continuação da política
A máxima acima vem de Von Clausewitz, de imediato
apropriado pelo marxismo. O silogismo torna-se este:
A guerra é a continuação da política (por outros
meios),
A política é economia concentrada;
Logo, a guerra é a continuação da economia.
Desenvolvamos, portanto, as reflexões necessárias
sobre.
Vejamos a guerra do Vietnã. Os EUA venceram quase
todos os conflitos militares naquele país asiático, mas perdeu a guerra porque
o seu prolongamento do conflito fez o governo perder apoio de sua população.
Também os EUA não invadem sua vizinha Cuba por fala de condições políticas, não
militares.
Há vantagens em estar de acordo com a história
Estar do lado certo, junto ao futuro, dá alguma
força; mas não absoluta, nenhuma garantia de vitória certa. Diante da
superioridade militar do lado sul na guerra civil americana, Marx, ainda assim,
apostou no norte industrial por estar de acordo com as leis do desenvolvimento
capitalista.
Che Guevara cometeu um pesado erro vanguardista e
blanquista ao pensar que, em geral, pode uma pequena guerrilha vencer um
exército nacional sem as devidas condições econômicas e políticas favoráveis.
Para ele, a própria guerrilha faz suas condições. É um grande erro, que levou a
perdemos muitos lutadores.
O programa
O primeiro passo para vencer uma guerra é convencer
cidadãos, na prática, de sua justa luta. Quando os operários russos conquistaram
jornada de 8 horas diárias e os camponeses ganharam terras novas, eles foram
com máxima disciplina para a luta contra 14 – 14! – exércitos entre os mais
poderosos do mundo. E venceram. Na guerra civil americana, o general do norte
decretou: está abolida a escravidão em todo o território. Isso atuou para
desestabilizar o sul escravista, facilitando a vitória.
Como o perfil afeta o perfil da guerra
Na guerra civil russa, os 14 exércitos invasores
agiram cada um por si, em disciplina nacional, em busca de um pedaço próprio do
território russo. Na outra ponta, o exército vermelho reuniu sob sua força,
desta vez, unificada 5 milhões de combatentes. Veja-se que causas econômicas e
políticas afetaram o perfil dos exércitos e da guerra, pendendo para a vitória
de um lado contra o outro. O grande exército da URSS Pôde, assim, enfrentar um
por um os invasores separados.
Ainda na revolução russa, uma nova guerra “mundial”
logo em seguida da primeira grande guerra, somado com a nova pátria socialista,
levou a uma onda de greves e protestos nos países invasores, em solidariedade
com a URSS, o que desestimulou o conflito.
Educação política
Os soldados e o povo devem ser convencidos.
Portanto, uma luta por suas consciências deve ser permanente. Não basta fé,
pois é preciso ter clareza do motivo de estar lutando.
Evitar sentimento de “vitória antecipada”
Dizer, por exemplo, “fascistas não passarão!” revela
mais o medo de que passem – e podem passar, mesmo – do que uma palavra de ordem
útil; ela, na verdade, desarma o lado antifascista. A arrogância de vitória
certa já foi a ruína de muitos em batalha. Por isso, deve-se manter o sinal de
alerta, sempre e sempre. Em geral, o exército mais fraco é o mais criativo e
ousado exato por medo da derrota.
O desânimo e o medo total devem igualmente ser
evitados. A esperança de vencer, portanto, deve ergue o moral dos soldados.
3. A
quantidade de soldados importa
Muitos soldados, ainda que medianos, ganham de
poucos soldados bem treinados. O número tem grande peso. Um exército gigantesco
contra um pequeno pode, ainda assim, perder, pois o defeito da força é confiar
apenas na força. Assim, a tática fabiana de evitar conflito direto e cortar, em
ataques surpresa, a comunicação e a logística do poderoso (e custoso) inimigo
pode levar à vitória. A concentração alta de um exército leva à fragmentação
guerrilheira de outro pequeno. Nem tudo é número: quem é dono de fato do
território também tem certa vantagem, mesmo que em minoria.
Nos países, aqueles exércitos que não têm grande
tecnologia investem na quantidade maior de materiais menos avançados e de
soldados.
A quantidade é, ela mesma, uma qualidade.
4. A
qualidade dos militares importa
Engels, ao tratar das primeiras e fracassadas
revoluções burguesas, toma nota que mendigos, vagabundos, ladrões etc.
participarem de exércitos, o que atrapalhou, por exemplo, a disciplina.
Na guerra, basta um treinamento médio, mas com
alguns grupos de “elite” melhor preparados.
Classe dos soldados
Trotsky, ao fundar o Exército Vermelho, fez questão
que a primeira leva de oficiais e soldados fossem operários, base social do
novo Estado. Só então chamou os camponeses, mas apenas aqueles que não
exploravam trabalho alheio.
Os operários, e os camponeses, são gente prática,
disciplinada “naturalmente” no trabalho duro, acostuma com pouco e tensão, útil
para diferentes serviços. Já os membros da classe média, em geral, não têm tais
características e psicologia.
Comandante
O perfil do comandante, sua personalidade, afeta o
perfil geral do seu exército e da guerra. Se for, por exemplo, um homem
disciplinado, mas, ou por isso, sem criatividade, afeta toda a operação.
Perfil nacional
Euclides da Cunha observou que o soldado brasileiro
não serve para manobras complexas, logo seu comandante, além de demonstrar
vigor, deve dar instruções gerais aos subordinados e, então, confiar em suas
iniciativas próprias. Cada país tem, assim, uma cultura particular que deve ser
levada em conta no perfil do soldado.
Soldados dos países ricos e pobres
Um soldado brasileiro é, via de regra, mais
tolerante à tensão do que um suíço. São vidas reais muito diferentes, um deles
precário desde o nascimento. Eis uma armadilha para os imperialistas.
Higiene
Tantas vezes, a principal causa de baixas no
exército são as doenças, evitáveis algumas delas. Por isso, manuais simples
sobre como ferver ou filtrar a água são muito úteis e devem ser seguidos à
risca.
5. Priorizar
outros setores que não a infantaria costuma levar à derrota
Os EUA no Vietnã, a URSS no Afeganistão – ambos
priorizaram a maquinaria sobre a infantaria, e perderam. É irresistível a um
comandante usar sua vantagem, seus tanques etc. Isso é uma lei poderosa:
deve-se priorizar a infantaria, os soldados.
Veja-se que com a alta urbanização e a guerra
urbana, a infantaria ganha ainda maior importância para manobras de terreno (os
soldados lidam melhor com o caos da cidade em guerra do que as máquinas). Já o
maquinário pesado exige muito custo de manutenção e conserto, além de exigir
muita energia, o que por também exige ainda mais da logística. Os custos
necessários, como manter operadores especializados no uso e no trato do
material tecnológico, multiplicam-se. Nas batalhas, armas baratas ou
semicaseiras podem prejudicar meios pesados. A máquina é necessária ao combate,
mas sua prioridade é causa comum de derrotas.
6. É
necessário desestimular o inimigo
Tratar bem quem desiste no outro lado – punir com a
morte quem do seu lado desiste. Eis uma regra de ouro, pois evita que se lute
até o limite.
Aqui, propagandas sobre os soldados do inimigo
também são válidos.
Nunca cercar totalmente o inimigo, sempre deixar uma
brecha para ele fugir – ou, então, sempre lutará com máxima disciplina e
heroísmo.
7. Sempre
que possível e útil, engane o adversário
Sun Tzu diz algo do tipo: 1) se és mais forte,
pareça mais fraco para o inimigo tomar uma ação precipitada; 2) se és mais
fraco, pareça mais forte para o inimigo ter dúvidas, hesitar.
Deve-se ter a sabedoria de enganar quando necessário,
de modo criativo, ou ocultar informações. Na guerra da Ucrânia o exército
ucraniano deu a intender que atacaria uma cidade para fazer os russos
esvaziarem outra, o que deu certo, permitindo retomar o território em outro
ponto.
8. Sem
fórmulas fixas, deve-se avaliar sempre a situação concreta e o todo
Inexiste norma ou modo de combate exemplar. Um bom
comandante primeiro colhe todos os dados possíveis, trata de adivinhar as ações
do inimigo e toma postura ativa, iniciativa.
9. A
guerra é uma otimização do uso de energia
É preciso não esgotar, extensiva ou intensivamente,
seus soldados, ainda que se exija grande disciplina deles. Nesse sentido, a
logística é importantíssima para abastecer as tropas. Um comandante tem de
pensar em termos energéticos.
10. A
defesa territorial ativa costuma ser superior ao ataque
Pensa-se a defesa como passivo e o ataque como
ativo. Mas, por exemplo, quem está na defensiva, pode tomar a iniciativa de
cercar o inimigo ou operar surpresas. Dito isso, de imediato, temos esta lei: a
vantagem defensiva, como defender o próprio território, usada em geral pelo
mais fraco, serve para, assim que possível, ir, mudar, para a ofensiva.
A coisa acontece muito assim: o lado invasor,
ofensivo, vai pra luta com força máxima, arrasa cidades e avança com força
imensa por boa parte ou quase todo o território do inimigo. Parece que ele vai
ganhar fácil, mas há um engano: 1) ficou mais longe de seu próprio país, logo
tem custos maiores de manter o exército por causa da distância; 2) logo,
sabotadores podem cortar seus transportes e comunicações; 3) logo, o povo do
país invadido é hostil e os sabota; 4) logo, concentrou-se os soldados inimigos
em um pequeno território, o que lhes dá uma vantagem, mais força; etc. Então, começam
as demissões de generais do país invasor, pois seu exército começa, passo a
passo, a perder o território antes conquistado. Veja-se: o atacante invasor vai
com máxima força, mas essa força vai caindo cada vez mais por morte, por
doença, por cansaço, por falta de recursos, por desgaste político etc.
Terreno
Quem está na defensiva tem a vantagem de
posicionar-se em pontos vantajosos antes, como locais altos (por onde vê, atira
e localiza-se melhor – mas, em si, não é uma vantagem absoluta, mistificada).
Uma das vantagens é, assim, ao conhecer o cenário,
poder operar surpresas contra o invasor.
Povo
O apoio popular na marcha, na logística, na moral,
na camuflagem entre o povo fortalece o exército que está defendendo o
território. Franco atiradores, selecionados para matar alvos específicos, podem
misturar-se na população, por exemplo.
O povo armado em milícias pode ser condição da
vitória da defesa, antes de ir ao ataque. Pequenos grupos de cidadãos armados
podem ter a iniciativa, com apoio simpels do exército, de atacar e recuar os
flancos (lados) do exército invasor
Logística
Quem defende território pode ter facilidade de
comunicação e transporte. Já quem avança sobre outro país, tem este custo
aumentado. Na II Guerra, a Alemanha avançou por demais na grande Rússia, o que
dificultou a retaguarda e a manutenção das tropas; além disso, permitiu que
grupos especiais atacassem suas provisões a caminho.
Desgaste
O exército que avança, que invade, na ofensiva tem
desgaste maior. Uma defesa ativa, não passiva, aumentar ainda mais o desgaste
militar. Assim, na guerra assimétrica, de um grande exército contra um pequeno,
este aposta no prolongamento do conflito, tornando muito custoso ao inimigo.
11. Davi
pode vencer Golias – não há situação completamente sem saída
O século 20 é cheio de exemplos em que o lado mais
fraco derrota o mais forte, usando, por exemplo, de sua leveza, de seu
agilidade, ou seja, do movimento.
Os elementos são estes: movimento e energia – tempo
e espaço, campo – matéria e massa. O comandante pensa sobre tais aspectos. Se
não tem matéria e massa, deve compensar com outro, equivalente, como a
mobilidade, movimento. Exércitos pequenos (matéria) em grandes territórios
(espaços) apostam na manobra e na velocidade (movimento); uma pequena guerrilha
contra um grande exército (matéria, massa) aposta na mobilidade (movimento); um
exército sem grande tecnologia (matéria) aposta em maior infantaria (matéria);
um pequeno grupo militar (matéria) pode vencer ou repelir outro grande
(matéria, massa) se se localiza numa montanha (espaço-matéria) embora um
terreno elevado não seja uma vantagem absoluta ou garantia.
A pequeníssima Chechênia venceu da grande Rússia
compensando com mobilidade e uso do terreno montanhoso. Os comboios com tanques
russos teriam de passar por regiões montanhosas com estradas estreitas, então a
guerrilha inimiga quebrava alguns carros de combate russos para inutilizar toda
a estrada, impedindo aproximação. Além disso, a aviação russa destruiu a
capital chechena, mas isso facilitou o movimento de infantaria e dos
guerrilheiros no ambiente urbano, não do pesado exército russo, o que facilitou
ataques e manobras. Davi, de fato, pode vencer Golias.
12. Ousadia,
ousadia, ousadia!
Às vezes, é preciso a defensiva ativa ou mesmo
recuar, nada de ofensiva permanente artificial. Clausewitz diz que a máxima
ousadia às vezes é o que há de mais sensato. Tal afirmação tem reforço nos
comandantes do Exército Vermelho, como Tukachev. Na origem, a palavra de ordem
vem dos revolucionários da revolução Francesa, os jacobinos. E a história
comprovou que ousadia imensa, bem calculada, muitas vezes define resultados.
Portanto, ousadia!
POLÍTICA DE GUERRA
A guerra entre candidatos a império deve ser boicotada.
Outro caso, exceção clara se for uma luta de países socialistas contra países
capitalistas, pois sempre defendemos a sociedade com traços socialistas. Se os
países nazistas imperialistas se unem contra os imperialismos “democráticos”,
cabe analisar se tomamos os lados contra as nações fascistas ou o boicote total
ao conflito. Se um país dominante entra em guerra contra um país atrasado,
sempre apoiamos este contra aquele. Se dois países fracos e dominados entram em
guerra, tomamos o lado do invadido contra o invasor, contra o atacante.
INDEPENDÊNCIA NACIONAL
Neste campo, seguimos o seguinte princípio: 1)
queremos unidade humana, logo militamos contra a separação dos povos; mas, 1)
se um povo decide livremente por separar-se, logo defendemos com unhas e dentes
seu direito de independência.
COMO IMPEDIR E COMBATER O
FASCISMO
Se o fascismo cresce, quer dizer que a
esquerda está frágil e cometeu muitos erros. Por isso, devemos chamar uma
frente única antifascista com toda a esquerda. Devemos organizar grupos de
defesa dos sindicatos, partidos, greves e protestos – que serão atacados por
bandos nazistas. No Brasil, os trotskista liderados por Mário Pedrosa chamo a
frente única e promoveu um ataque contra o desfile dos fascistas brasileiros,
os integralistas. Depois desse ataque, tal movimento sombrio nunca mais se
reergueu. Além disso, temos que ter política, propostas práticas, que atraiam
os trabalhadores e, pela força de sua luta, parte da classe média. Em geral, se
há um risco fascista, há, oposto, um risco de socialismo – o parlamento
corrupto burguês pode ser destruído por uma ditadura totalitária, ou, ao
contrário, por uma democracia superior e verdadeira. Nesse sentido, não
defendemos em exato a democracia corrupta atual, pois focamos nos problemas econômicos
centrais dos trabalhadores na crise. Claro, a pior democracia é mil vezes
melhor que a mais leve ditadura.
Mais um detalhe: chamamos por uma frente
de combate físico antifascistas. Se os reformistas aceitam, a luta cresce; se
os reformistas negam, seus liderem se desmoralizam, então os comunistas
crescem. Dos dois modos, ganhamos.
O PSTU chamou uma frente apenas com
revolucionários para combater o fascismo, o governo de extrema-direita. Assim,
seu movimento agregou apenas eles, alguns centristas e todas as seitas
lunáticas do país. De nada serviu.
EM CASO DE GUERRA CIVIL
BURGUESA
Se dois setores burguesas iniciam ou
ameaçam a luta armada, devemos ver qual o lado progressivo – se há, se existe. Por
exemplo, sem apoiar de fato seu governo, lutamos juntos com a ala democrática.
Mas se ambos forem reacionário e a luta for apenas aoportunista, podemos fazer
campanha pelo boicote à guerra.
GUERRILHA
Para pensar a guerrilha, pense no assalto
urbano, a ladroagem: ação surpresa, rápida, intensa – e focada na fuga fácil e
rápida. O mais fraco usa isso para enfrentar o mais forte, atacar e fugir.
Temos, também, o foquismo. Basta pensar
nas milícias e tráficos no Brasil: controla uma érea, governa tal espaço,
impede roubos etc. para ganhar apoio popular, faz festas gratuitas por apoio
etc. O foquismo pode ser rural, urbano, revolucionário ou contra. Mas, via de
regra, as guerrilhas não são estativas, vivem se movimento – o movimento é uma
grande arma para si, diante de outros defeitos.
Temos, ainda, antiga tática Fabiana:
evitar o confronto direto contra um poderoso exército. Então focar em destruir
suas linhas de comunicação, de abastecimento etc. (um grande exército exige
muito recurso). Atacar, desarticular e fugir.
A guerrilha tem comitê central, mas dá
enorme autonomia de ação, iniciativa, aos seus grupos. No entanto, via de
regra, o marxismo é contra o guerrilheirismo; algumas exceções há se forem
apoiadas de uma real ação das massas revoltadas.
FORMAÇÃO ROMANA – PM
Uma linha reta de PMs é melhor rompida se
atacamos seu meio, seu centro. A PM resolve isso coma formação de “v”, de cone,
com o centro forte, Solução: um pequeno grupo rodeia o quarteirão e ataca por detrás
a formação.
Coquiteis Molotov são feitos de um
combustível (álcool, gasolina etc.) mais um aderente (clara de ovo, óleo etc.)
que faz grudar o fogo no inimigo. Se houver tempo, alguns matérias adicionais,
como fibras de madeira bem cortadas etc. De resto, guarrafa fácil de quebrar e
um pano seco ajudando a tampar a boca, por onde começa o fogo.
Quanto aos jatos de pimenta – paciência.
Saiba que o destacamento observar antes a direção do vento para saber de onde
surgir na rua ou avenida de forma que o gás não afete os soldados. Assim,
podemos antecipar de onde eles virão.
CRISE DO
APARATO MILITAR
O aparato e
o modo militar romano, causa de sua glória escravista, foi também um fardo de
modelo que o levou às derrotas e ao seu fim. O feudalismo resolve isso com
muralhas de castelos e grupos de defesa locais. No fim da era feudal, os
defensores do então novo sistema, o capitalismo, fundaram modos de guerra
novos: o novo exército na Inglaterra, que se baseou no mérito no lugar do
medieval posto de comando por sangue; Bonaparte inaugurou o serviço militar
obrigatório, o abastecimento de tropas nas cidades por onde passavam etc. Mas o
sistema militar burguês também encontra sua crise, seu limite, após largo
desenvolvimento. A luta entre Estados força investir na artilharia e em
máquinas; mas, na história humana, aqueles que investiram mais em outros
setores do que na infantaria, nos soldados, conheceram quase sempre a desgraça
– ao fortalecerem-se para enfrentar uns aos outros, facilitam um tanto a
vitória de exércitos revolucionários e das revoluções. Máquinas caras e
modernas podem ser danificadas por armas e munições baratas ou semicaseiras, além
do alto custo de manutenção, abastecimento e especialização de operadores. Em
nossa época, depois de duas grandes guerras mundiais, o conflito armado não
revolucionário ou não anti-império perde sentido na cabeça dos cidadãos. Um
sistema de milícias operárias e populares, com todo o povo trabalhador armado
com leves e pesados calibres, substituindo os aparatos militares, surgirá após
a dissolução do exército revolucionário e ao mesmo tempo deste.
Na
revolução, os trabalhadores lutam apenas por reformas, para melhorar suas
condições, para levar dignidade ao país de modo sempre pacífico. Quando a
burguesia vê que vai perder a luta geral sem sangue algum, toma a decisão de
usar o exército e os bandos fascistas para derrotar o movimento dos
trabalhadores com métodos de guerra civil. Sempre são os grandes patrões e seu
Estado que cruzam a linha, passam do limite, iniciam a violência contra os
assalariados desarmados. Assim, eles obrigam os operários e setores populares a
se defenderem para manter-se vivos e melhorar de vez sua nação. O exército
racha ao meio, uma parte da baixa patente vai para o lado da revolução. Nessas
condições, ou muda tudo ou nada muda. Toda revolução é impossível – até que se
torne inevitável.
PARA UM MANUAL MILITAR - GLOSSÁRIO
Existem regras gerais, universais, para a arte da guerra?
Há, pelo menos, afirmações que são encontradas de modo semelhante entre os
principais tratados militares da história. Aqui, como um glossário geral,
apresentamos certas “leis” que se repetem mesmo com alterações significativas
na concretude dos conflitos. Abaixo, desenvolveremos cada um dos pontos.
5 LEIS DA OFENSIVA
1. A guerra é
resultado da economia
Razão militar
Cada época com sua forma de guerra
Empresas de guerra
2. A guerra é
a continuação da política
Há vantagens em estar de acordo com a história
O programa
Como o perfil afeta o perfil da guerra
Educação política
Evitar sentimento de “vitória antecipada”
3. A
quantidade de soldados importa
4. A
qualidade dos militares importa
Classe dos soldados
Comandante
Perfil nacional
Soldados dos países ricos e pobres
Higiene
5. Priorizar
outros setores que não a infantaria costuma levar à derrota
6. É
necessário desestimular o inimigo
7. Sempre que
possível e útil, engane o adversário
8. Sem
fórmulas fixas, deve-se avaliar sempre a situação concreta e o todo
9. A guerra é
uma otimização do uso de energia
10. A defesa territorial ativa costuma ser superior
ao ataque
Terreno
Povo
Logística
Desgaste
11. Davi pode
vencer Golias – não há situação completamente sem saída
12. Ousadia,
ousadia, ousadia!
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POLÍTICA DE GUERRA
INDEPENDÊNCIA NACIONAL
COMO IMPEDIR E COMBATER O FASCISMO
EM CASO DE GUERRA CIVIL BURGUESA
GUERRILHA
CRISE DO APARATO MILITAR
FORMAÇÃO ROMANA - PM