sexta-feira, 30 de junho de 2023

ABC DA ARTE MILITAR – PARA REVOLUCIONÁRIOS

 

ABC DA ARTE MILITAR – PARA REVOLUCIONÁRIOS

 

POR UM MANUAL MILITAR


J. P.


Diante da confusão armada desde a guerra da Ucrânia, senti necessidade de fazer um resumo claro, ainda que um tanto esquemático, da arte militar. Somos os amadores mais amadores sobre o tema, confessemos. O texto visa assim, ajudar com velocidade a resolver tal lacuna. São tempos de crise do imperialismo e do sistema global; portanto, tempos de guerra.

 

[glossário apenas ao final do texto]

 

5 LEIS DA OFENSIVA

 

1.         A OFENSIVA É MENOS VANTAJOSA QUE A DEFENSIVA

Ao invadir o território, o exército invasor está diante de a) problemas na logística por se afastar de seu próprio país, b) um inimigo com moral alta por defender-se, c) um inimigo que, após recuar muito, está concentrado, d) um inimigo que conhece bem o território, e) um inimigo bem posicionado.

 

2.         OS PAPÉIS TERÃO DE SER INVERTIDOS, OFENSIVA E DEFENSIVA

Quem invadiu, ofensiva, deve, depois, defender parte daquilo conquistado, portanto defensiva. Quem foi invadido, defensiva, deve passar para a conquista ou retomada do perdido, portanto ofensiva.

 

3.         A FORÇA DE INVASÃO É CADA VEZ MENOR

É raro aumentar a força, ímpeto, o número de soldados e ao moral depois de meses ou anos. Perde-se poder com o tempo, tempo este que, via de regra, ajuda o invadido (desgaste político do invasor em seu próprio país etc.).

 

4.         SE INVADIR, USAR TODA A FORÇA DE UMA VEZ

Não se deve perder tempo no início: avançar o máximo possível e tão veloz quanto. Não ir por camadas e posições seguras.

 

5.         SE INVADIR, USE DA SURPRESA

Se possível, deve-se invadir com máximo segredo, de uma vez, de repente.

 

 

PARA UM MANUAL MILITAR

 

Existem regras gerais, universais, para a arte da guerra? Há, pelo menos, afirmações que são encontradas de modo semelhante entre os principais tratados militares da história. Aqui, como um glossário geral, apresentamos certas “leis” que se repetem mesmo com alterações significativas na concretude dos conflitos. Abaixo, desenvolveremos cada um dos pontos.

 

1.         A guerra é resultado da economia

 

Razão militar

 

Os filmes costumam afirmar a luta do poder pelo… poder, como algo abstrato e vazio. É um grande engano; via de regra, a guerra tem objetivo de gerar riquezas ao vencedor ou ao agressor. Pode-se invadir uma ilha próxima para ter apenas melhor localização militar, mas mesmo indiretamente há o objetivo lucrativo.

 

O Estado socialista, que visa ao bem-estar da maioria, com economia planejada e centralizada, tem mais facilidade de girar recursos para o conflito, rumo à vitória.

 

Cada época com sua forma de guerra

 

Cada época exige uma forma de fazer guerra. O problema, então, é que se cristaliza um modo militar obsoleto, mas que teima em manter-se até o último grão de minuto.

 

O escravismo no início tem um modo militar diferente de seu auge-crise. Via de regra, quando a força militar deixa de ser feita com os cidadãos livres armados, quando se profissionaliza a força de guerra, a decadência ocorre; foi assim no escravismo e é assim hoje, no capitalismo. Uma casta com desejos próprios surge e desestabiliza o estado.

 

O modo militar feudal baseava-se no feudo isolado, em autodefesa desde os cavaleiros em postos de comando. Ora, isso resolveu a crise militar anterior, do escravismo romano – mas também se tornou atrasado. Os novos exércitos inglês e francês mudaram radicalmente o modo de guerrear, de acordo com o mundo novo, burguês; por exemplo, o cargo de comando passou a ser dado por mérito, não mais por origem de sangue; com o crescimento das cidades, o abastecimento das tropas passou a ocorrer nos locais urbanos por onde se passava por meio de compras, confisco ou em harmonia com o poder local.

 

O socialismo substituirá progressivamente, desde seu começo, o exército por o povo armado, com leves e pesados calibres, e com treinamento básico, até que o comunismo tenha armas apenas para jogos e esportes, numa humanidade unificada. Isso é condição da democracia, do bom governo, da segurança e da superioridade militar socialista em seu começo, quando ainda haverá países capitalistas. Diz Maquiavel: apenas o mau governante teme seu povo armado.

 

De qualquer modo, vale destacar a regra geral: raramente o objetivo é destruir totalmente o inimigo, mas tornar para ele demasiado custoso manter o conflito.

 

Empresas de guerra

 

Se a guerra em si, de modo direto, passa a ser fonte de lucro, seja do infante ou seja do exército, então o Estado ou o governo cai. Se o capitalismo hoje se levasse a sério, proibiria empresas de mercenários, empresas privadas de produção para guerra etc. Mas o caminho é, agora, o oposto: até pseudoestados como o de Israel dependem da construção civil e da empresa militar para sua economia, logo necessita de guerra para tomar terras, reconstruir e aumentar as ações na bolsa de suas empresas militares.

A guerra, se injusta em especial, tantas vezes derruba o governo ou mesmo o sistema nos países em conflito.

 

2.         A guerra é a continuação da política

 

A máxima acima vem de Von Clausewitz, de imediato apropriado pelo marxismo. O silogismo torna-se este:

 

A guerra é a continuação da política (por outros meios),

A política é economia concentrada;

Logo, a guerra é a continuação da economia.

 

Desenvolvamos, portanto, as reflexões necessárias sobre.

Vejamos a guerra do Vietnã. Os EUA venceram quase todos os conflitos militares naquele país asiático, mas perdeu a guerra porque o seu prolongamento do conflito fez o governo perder apoio de sua população. Também os EUA não invadem sua vizinha Cuba por fala de condições políticas, não militares.

 

Há vantagens em estar de acordo com a história

Estar do lado certo, junto ao futuro, dá alguma força; mas não absoluta, nenhuma garantia de vitória certa. Diante da superioridade militar do lado sul na guerra civil americana, Marx, ainda assim, apostou no norte industrial por estar de acordo com as leis do desenvolvimento capitalista.

Che Guevara cometeu um pesado erro vanguardista e blanquista ao pensar que, em geral, pode uma pequena guerrilha vencer um exército nacional sem as devidas condições econômicas e políticas favoráveis. Para ele, a própria guerrilha faz suas condições. É um grande erro, que levou a perdemos muitos lutadores.

 

O programa

O primeiro passo para vencer uma guerra é convencer cidadãos, na prática, de sua justa luta. Quando os operários russos conquistaram jornada de 8 horas diárias e os camponeses ganharam terras novas, eles foram com máxima disciplina para a luta contra 14 – 14! – exércitos entre os mais poderosos do mundo. E venceram. Na guerra civil americana, o general do norte decretou: está abolida a escravidão em todo o território. Isso atuou para desestabilizar o sul escravista, facilitando a vitória.

 

 

Como o perfil afeta o perfil da guerra

 

Na guerra civil russa, os 14 exércitos invasores agiram cada um por si, em disciplina nacional, em busca de um pedaço próprio do território russo. Na outra ponta, o exército vermelho reuniu sob sua força, desta vez, unificada 5 milhões de combatentes. Veja-se que causas econômicas e políticas afetaram o perfil dos exércitos e da guerra, pendendo para a vitória de um lado contra o outro. O grande exército da URSS Pôde, assim, enfrentar um por um os invasores separados.

 

Ainda na revolução russa, uma nova guerra “mundial” logo em seguida da primeira grande guerra, somado com a nova pátria socialista, levou a uma onda de greves e protestos nos países invasores, em solidariedade com a URSS, o que desestimulou o conflito.

 

Educação política

 

Os soldados e o povo devem ser convencidos. Portanto, uma luta por suas consciências deve ser permanente. Não basta fé, pois é preciso ter clareza do motivo de estar lutando.

 

Evitar sentimento de “vitória antecipada”

 

Dizer, por exemplo, “fascistas não passarão!” revela mais o medo de que passem – e podem passar, mesmo – do que uma palavra de ordem útil; ela, na verdade, desarma o lado antifascista. A arrogância de vitória certa já foi a ruína de muitos em batalha. Por isso, deve-se manter o sinal de alerta, sempre e sempre. Em geral, o exército mais fraco é o mais criativo e ousado exato por medo da derrota.

 

O desânimo e o medo total devem igualmente ser evitados. A esperança de vencer, portanto, deve ergue o moral dos soldados.

 

3.         A quantidade de soldados importa

 

Muitos soldados, ainda que medianos, ganham de poucos soldados bem treinados. O número tem grande peso. Um exército gigantesco contra um pequeno pode, ainda assim, perder, pois o defeito da força é confiar apenas na força. Assim, a tática fabiana de evitar conflito direto e cortar, em ataques surpresa, a comunicação e a logística do poderoso (e custoso) inimigo pode levar à vitória. A concentração alta de um exército leva à fragmentação guerrilheira de outro pequeno. Nem tudo é número: quem é dono de fato do território também tem certa vantagem, mesmo que em minoria.

 

Nos países, aqueles exércitos que não têm grande tecnologia investem na quantidade maior de materiais menos avançados e de soldados.

 

A quantidade é, ela mesma, uma qualidade.

 

4.         A qualidade dos militares importa

 

Engels, ao tratar das primeiras e fracassadas revoluções burguesas, toma nota que mendigos, vagabundos, ladrões etc. participarem de exércitos, o que atrapalhou, por exemplo, a disciplina.

 

Na guerra, basta um treinamento médio, mas com alguns grupos de “elite” melhor preparados.

 

Classe dos soldados

Trotsky, ao fundar o Exército Vermelho, fez questão que a primeira leva de oficiais e soldados fossem operários, base social do novo Estado. Só então chamou os camponeses, mas apenas aqueles que não exploravam trabalho alheio.

 

Os operários, e os camponeses, são gente prática, disciplinada “naturalmente” no trabalho duro, acostuma com pouco e tensão, útil para diferentes serviços. Já os membros da classe média, em geral, não têm tais características e psicologia.

 

Comandante

 

O perfil do comandante, sua personalidade, afeta o perfil geral do seu exército e da guerra. Se for, por exemplo, um homem disciplinado, mas, ou por isso, sem criatividade, afeta toda a operação.

 

Perfil nacional

 

Euclides da Cunha observou que o soldado brasileiro não serve para manobras complexas, logo seu comandante, além de demonstrar vigor, deve dar instruções gerais aos subordinados e, então, confiar em suas iniciativas próprias. Cada país tem, assim, uma cultura particular que deve ser levada em conta no perfil do soldado.

 

Soldados dos países ricos e pobres

 

Um soldado brasileiro é, via de regra, mais tolerante à tensão do que um suíço. São vidas reais muito diferentes, um deles precário desde o nascimento. Eis uma armadilha para os imperialistas.

 

Higiene

 

Tantas vezes, a principal causa de baixas no exército são as doenças, evitáveis algumas delas. Por isso, manuais simples sobre como ferver ou filtrar a água são muito úteis e devem ser seguidos à risca.

 

5.         Priorizar outros setores que não a infantaria costuma levar à derrota

 

Os EUA no Vietnã, a URSS no Afeganistão – ambos priorizaram a maquinaria sobre a infantaria, e perderam. É irresistível a um comandante usar sua vantagem, seus tanques etc. Isso é uma lei poderosa: deve-se priorizar a infantaria, os soldados.

 

Veja-se que com a alta urbanização e a guerra urbana, a infantaria ganha ainda maior importância para manobras de terreno (os soldados lidam melhor com o caos da cidade em guerra do que as máquinas). Já o maquinário pesado exige muito custo de manutenção e conserto, além de exigir muita energia, o que por também exige ainda mais da logística. Os custos necessários, como manter operadores especializados no uso e no trato do material tecnológico, multiplicam-se. Nas batalhas, armas baratas ou semicaseiras podem prejudicar meios pesados. A máquina é necessária ao combate, mas sua prioridade é causa comum de derrotas.

 

6.         É necessário desestimular o inimigo

Tratar bem quem desiste no outro lado – punir com a morte quem do seu lado desiste. Eis uma regra de ouro, pois evita que se lute até o limite.

 

Aqui, propagandas sobre os soldados do inimigo também são válidos.

 

Nunca cercar totalmente o inimigo, sempre deixar uma brecha para ele fugir – ou, então, sempre lutará com máxima disciplina e heroísmo.

 

7.         Sempre que possível e útil, engane o adversário

Sun Tzu diz algo do tipo: 1) se és mais forte, pareça mais fraco para o inimigo tomar uma ação precipitada; 2) se és mais fraco, pareça mais forte para o inimigo ter dúvidas, hesitar.

 

Deve-se ter a sabedoria de enganar quando necessário, de modo criativo, ou ocultar informações. Na guerra da Ucrânia o exército ucraniano deu a intender que atacaria uma cidade para fazer os russos esvaziarem outra, o que deu certo, permitindo retomar o território em outro ponto.

 

8.         Sem fórmulas fixas, deve-se avaliar sempre a situação concreta e o todo

Inexiste norma ou modo de combate exemplar. Um bom comandante primeiro colhe todos os dados possíveis, trata de adivinhar as ações do inimigo e toma postura ativa, iniciativa.

 

9.         A guerra é uma otimização do uso de energia

É preciso não esgotar, extensiva ou intensivamente, seus soldados, ainda que se exija grande disciplina deles. Nesse sentido, a logística é importantíssima para abastecer as tropas. Um comandante tem de pensar em termos energéticos.

 

10.       A defesa territorial ativa costuma ser superior ao ataque

Pensa-se a defesa como passivo e o ataque como ativo. Mas, por exemplo, quem está na defensiva, pode tomar a iniciativa de cercar o inimigo ou operar surpresas. Dito isso, de imediato, temos esta lei: a vantagem defensiva, como defender o próprio território, usada em geral pelo mais fraco, serve para, assim que possível, ir, mudar, para a ofensiva.

 

A coisa acontece muito assim: o lado invasor, ofensivo, vai pra luta com força máxima, arrasa cidades e avança com força imensa por boa parte ou quase todo o território do inimigo. Parece que ele vai ganhar fácil, mas há um engano: 1) ficou mais longe de seu próprio país, logo tem custos maiores de manter o exército por causa da distância; 2) logo, sabotadores podem cortar seus transportes e comunicações; 3) logo, o povo do país invadido é hostil e os sabota; 4) logo, concentrou-se os soldados inimigos em um pequeno território, o que lhes dá uma vantagem, mais força; etc. Então, começam as demissões de generais do país invasor, pois seu exército começa, passo a passo, a perder o território antes conquistado. Veja-se: o atacante invasor vai com máxima força, mas essa força vai caindo cada vez mais por morte, por doença, por cansaço, por falta de recursos, por desgaste político etc.

 

Terreno

Quem está na defensiva tem a vantagem de posicionar-se em pontos vantajosos antes, como locais altos (por onde vê, atira e localiza-se melhor – mas, em si, não é uma vantagem absoluta, mistificada).

 

Uma das vantagens é, assim, ao conhecer o cenário, poder operar surpresas contra o invasor.

 

Povo

O apoio popular na marcha, na logística, na moral, na camuflagem entre o povo fortalece o exército que está defendendo o território. Franco atiradores, selecionados para matar alvos específicos, podem misturar-se na população, por exemplo.

 

O povo armado em milícias pode ser condição da vitória da defesa, antes de ir ao ataque. Pequenos grupos de cidadãos armados podem ter a iniciativa, com apoio simpels do exército, de atacar e recuar os flancos (lados) do exército invasor

 

Logística

Quem defende território pode ter facilidade de comunicação e transporte. Já quem avança sobre outro país, tem este custo aumentado. Na II Guerra, a Alemanha avançou por demais na grande Rússia, o que dificultou a retaguarda e a manutenção das tropas; além disso, permitiu que grupos especiais atacassem suas provisões a caminho.

 

Desgaste

O exército que avança, que invade, na ofensiva tem desgaste maior. Uma defesa ativa, não passiva, aumentar ainda mais o desgaste militar. Assim, na guerra assimétrica, de um grande exército contra um pequeno, este aposta no prolongamento do conflito, tornando muito custoso ao inimigo.

 

11.       Davi pode vencer Golias – não há situação completamente sem saída

O século 20 é cheio de exemplos em que o lado mais fraco derrota o mais forte, usando, por exemplo, de sua leveza, de seu agilidade, ou seja, do movimento.

 

Os elementos são estes: movimento e energia – tempo e espaço, campo – matéria e massa. O comandante pensa sobre tais aspectos. Se não tem matéria e massa, deve compensar com outro, equivalente, como a mobilidade, movimento. Exércitos pequenos (matéria) em grandes territórios (espaços) apostam na manobra e na velocidade (movimento); uma pequena guerrilha contra um grande exército (matéria, massa) aposta na mobilidade (movimento); um exército sem grande tecnologia (matéria) aposta em maior infantaria (matéria); um pequeno grupo militar (matéria) pode vencer ou repelir outro grande (matéria, massa) se se localiza numa montanha (espaço-matéria) embora um terreno elevado não seja uma vantagem absoluta ou garantia.

 

A pequeníssima Chechênia venceu da grande Rússia compensando com mobilidade e uso do terreno montanhoso. Os comboios com tanques russos teriam de passar por regiões montanhosas com estradas estreitas, então a guerrilha inimiga quebrava alguns carros de combate russos para inutilizar toda a estrada, impedindo aproximação. Além disso, a aviação russa destruiu a capital chechena, mas isso facilitou o movimento de infantaria e dos guerrilheiros no ambiente urbano, não do pesado exército russo, o que facilitou ataques e manobras. Davi, de fato, pode vencer Golias.

 

12.       Ousadia, ousadia, ousadia!

Às vezes, é preciso a defensiva ativa ou mesmo recuar, nada de ofensiva permanente artificial. Clausewitz diz que a máxima ousadia às vezes é o que há de mais sensato. Tal afirmação tem reforço nos comandantes do Exército Vermelho, como Tukachev. Na origem, a palavra de ordem vem dos revolucionários da revolução Francesa, os jacobinos. E a história comprovou que ousadia imensa, bem calculada, muitas vezes define resultados. Portanto, ousadia!

 

POLÍTICA DE GUERRA

 

A guerra entre candidatos a império deve ser boicotada. Outro caso, exceção clara se for uma luta de países socialistas contra países capitalistas, pois sempre defendemos a sociedade com traços socialistas. Se os países nazistas imperialistas se unem contra os imperialismos “democráticos”, cabe analisar se tomamos os lados contra as nações fascistas ou o boicote total ao conflito. Se um país dominante entra em guerra contra um país atrasado, sempre apoiamos este contra aquele. Se dois países fracos e dominados entram em guerra, tomamos o lado do invadido contra o invasor, contra o atacante.

 

INDEPENDÊNCIA NACIONAL

 

Neste campo, seguimos o seguinte princípio: 1) queremos unidade humana, logo militamos contra a separação dos povos; mas, 1) se um povo decide livremente por separar-se, logo defendemos com unhas e dentes seu direito de independência.

 

COMO IMPEDIR E COMBATER O FASCISMO

 

Se o fascismo cresce, quer dizer que a esquerda está frágil e cometeu muitos erros. Por isso, devemos chamar uma frente única antifascista com toda a esquerda. Devemos organizar grupos de defesa dos sindicatos, partidos, greves e protestos – que serão atacados por bandos nazistas. No Brasil, os trotskista liderados por Mário Pedrosa chamo a frente única e promoveu um ataque contra o desfile dos fascistas brasileiros, os integralistas. Depois desse ataque, tal movimento sombrio nunca mais se reergueu. Além disso, temos que ter política, propostas práticas, que atraiam os trabalhadores e, pela força de sua luta, parte da classe média. Em geral, se há um risco fascista, há, oposto, um risco de socialismo – o parlamento corrupto burguês pode ser destruído por uma ditadura totalitária, ou, ao contrário, por uma democracia superior e verdadeira. Nesse sentido, não defendemos em exato a democracia corrupta atual, pois focamos nos problemas econômicos centrais dos trabalhadores na crise. Claro, a pior democracia é mil vezes melhor que a mais leve ditadura.

 

Mais um detalhe: chamamos por uma frente de combate físico antifascistas. Se os reformistas aceitam, a luta cresce; se os reformistas negam, seus liderem se desmoralizam, então os comunistas crescem. Dos dois modos, ganhamos.

 

O PSTU chamou uma frente apenas com revolucionários para combater o fascismo, o governo de extrema-direita. Assim, seu movimento agregou apenas eles, alguns centristas e todas as seitas lunáticas do país. De nada serviu.

 

 

EM CASO DE GUERRA CIVIL BURGUESA

 

Se dois setores burguesas iniciam ou ameaçam a luta armada, devemos ver qual o lado progressivo – se há, se existe. Por exemplo, sem apoiar de fato seu governo, lutamos juntos com a ala democrática. Mas se ambos forem reacionário e a luta for apenas aoportunista, podemos fazer campanha pelo boicote à guerra.

 

GUERRILHA

 

Para pensar a guerrilha, pense no assalto urbano, a ladroagem: ação surpresa, rápida, intensa – e focada na fuga fácil e rápida. O mais fraco usa isso para enfrentar o mais forte, atacar e fugir.

 

Temos, também, o foquismo. Basta pensar nas milícias e tráficos no Brasil: controla uma érea, governa tal espaço, impede roubos etc. para ganhar apoio popular, faz festas gratuitas por apoio etc. O foquismo pode ser rural, urbano, revolucionário ou contra. Mas, via de regra, as guerrilhas não são estativas, vivem se movimento – o movimento é uma grande arma para si, diante de outros defeitos.

 

Temos, ainda, antiga tática Fabiana: evitar o confronto direto contra um poderoso exército. Então focar em destruir suas linhas de comunicação, de abastecimento etc. (um grande exército exige muito recurso). Atacar, desarticular e fugir.

 

A guerrilha tem comitê central, mas dá enorme autonomia de ação, iniciativa, aos seus grupos. No entanto, via de regra, o marxismo é contra o guerrilheirismo; algumas exceções há se forem apoiadas de uma real ação das massas revoltadas.

 

FORMAÇÃO ROMANA – PM

 

Uma linha reta de PMs é melhor rompida se atacamos seu meio, seu centro. A PM resolve isso coma formação de “v”, de cone, com o centro forte, Solução: um pequeno grupo rodeia o quarteirão e ataca por detrás a formação.

 

Coquiteis Molotov são feitos de um combustível (álcool, gasolina etc.) mais um aderente (clara de ovo, óleo etc.) que faz grudar o fogo no inimigo. Se houver tempo, alguns matérias adicionais, como fibras de madeira bem cortadas etc. De resto, guarrafa fácil de quebrar e um pano seco ajudando a tampar a boca, por onde começa o fogo.

 

Quanto aos jatos de pimenta – paciência. Saiba que o destacamento observar antes a direção do vento para saber de onde surgir na rua ou avenida de forma que o gás não afete os soldados. Assim, podemos antecipar de onde eles virão.


CRISE DO APARATO MILITAR

 

O aparato e o modo militar romano, causa de sua glória escravista, foi também um fardo de modelo que o levou às derrotas e ao seu fim. O feudalismo resolve isso com muralhas de castelos e grupos de defesa locais. No fim da era feudal, os defensores do então novo sistema, o capitalismo, fundaram modos de guerra novos: o novo exército na Inglaterra, que se baseou no mérito no lugar do medieval posto de comando por sangue; Bonaparte inaugurou o serviço militar obrigatório, o abastecimento de tropas nas cidades por onde passavam etc. Mas o sistema militar burguês também encontra sua crise, seu limite, após largo desenvolvimento. A luta entre Estados força investir na artilharia e em máquinas; mas, na história humana, aqueles que investiram mais em outros setores do que na infantaria, nos soldados, conheceram quase sempre a desgraça – ao fortalecerem-se para enfrentar uns aos outros, facilitam um tanto a vitória de exércitos revolucionários e das revoluções. Máquinas caras e modernas podem ser danificadas por armas e munições baratas ou semicaseiras, além do alto custo de manutenção, abastecimento e especialização de operadores. Em nossa época, depois de duas grandes guerras mundiais, o conflito armado não revolucionário ou não anti-império perde sentido na cabeça dos cidadãos. Um sistema de milícias operárias e populares, com todo o povo trabalhador armado com leves e pesados calibres, substituindo os aparatos militares, surgirá após a dissolução do exército revolucionário e ao mesmo tempo deste. 

 

Na revolução, os trabalhadores lutam apenas por reformas, para melhorar suas condições, para levar dignidade ao país de modo sempre pacífico. Quando a burguesia vê que vai perder a luta geral sem sangue algum, toma a decisão de usar o exército e os bandos fascistas para derrotar o movimento dos trabalhadores com métodos de guerra civil. Sempre são os grandes patrões e seu Estado que cruzam a linha, passam do limite, iniciam a violência contra os assalariados desarmados. Assim, eles obrigam os operários e setores populares a se defenderem para manter-se vivos e melhorar de vez sua nação. O exército racha ao meio, uma parte da baixa patente vai para o lado da revolução. Nessas condições, ou muda tudo ou nada muda. Toda revolução é impossível – até que se torne inevitável.

 

PARA UM MANUAL MILITAR - GLOSSÁRIO

 

Existem regras gerais, universais, para a arte da guerra? Há, pelo menos, afirmações que são encontradas de modo semelhante entre os principais tratados militares da história. Aqui, como um glossário geral, apresentamos certas “leis” que se repetem mesmo com alterações significativas na concretude dos conflitos. Abaixo, desenvolveremos cada um dos pontos.

 

5 LEIS DA OFENSIVA

 

1.  A guerra é resultado da economia

Razão militar

Cada época com sua forma de guerra

Empresas de guerra

2.  A guerra é a continuação da política

Há vantagens em estar de acordo com a história

O programa

Como o perfil afeta o perfil da guerra

Educação política

Evitar sentimento de “vitória antecipada”

3.  A quantidade de soldados importa

4.  A qualidade dos militares importa

Classe dos soldados

Comandante

Perfil nacional

Soldados dos países ricos e pobres

Higiene

5.  Priorizar outros setores que não a infantaria costuma levar à derrota

6.  É necessário desestimular o inimigo

7.  Sempre que possível e útil, engane o adversário

8.  Sem fórmulas fixas, deve-se avaliar sempre a situação concreta e o todo

9.  A guerra é uma otimização do uso de energia

10. A defesa territorial ativa costuma ser superior ao ataque

Terreno

Povo

Logística

Desgaste

11.  Davi pode vencer Golias – não há situação completamente sem saída

12.  Ousadia, ousadia, ousadia!

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POLÍTICA DE GUERRA

INDEPENDÊNCIA NACIONAL

COMO IMPEDIR E COMBATER O FASCISMO

EM CASO DE GUERRA CIVIL BURGUESA

GUERRILHA

CRISE DO APARATO MILITAR

FORMAÇÃO ROMANA - PM