quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Sistemas complexos, causa-efeito e dialética - uma solução

 

Ao entrar em contato com acadêmicos – físicos, economistas – que consideram o estudo dos sistemas complexos como central e de ponta no pensamento científico, uma afirmação comum entre eles era reforçada para explicar e expor tal campo: grandes causas podem gerar pequenas consequências assim como pequenas causas podem gerar grandes consequências.

 

Não sei o caso do leitor; já no meu caso, lidar com a afirmação anterior sobre a relação causa-consequência afetou minha consciência. Primeiro, positivamente com o aprendizado; segundo, ao mesmo tempo, vi-me inconformado. Como diria Hegel sobre certas observações suas, meu espírito ficou suspenso, incomodado com o que foi dito acima. Parece efetivamente correto, mas ainda tenso, incompleto.

 

Pus-me a refletir porque isso ocorre, ou seja, procurei uma solução para a formulação dada. Por qual razão pequenas causas geram grandes consequências, por exemplo?

 

Após certa produção subconsciente, que afeta a intuição no trabalho filosófico e científico, consegui perceber que havia necessidade de outra categoria “intermediária”, o conceito condição. Resposta: grandes causas podem gerar pequenas consequências por causa das condições ou, em singular geral, da condição.

 

O conceito ou a categoria de condição há em Hegel (Ciência da Lógica - Doutrina da Essência), porém não é nele tratado em tal relação com a causalidade.

 

Quando a categoria veio à consciência, cessou de soar incompleta ou forçada a relação causal como demonstrada pelos apoiadores da complexidade. Causa e efeito encontram na condição o sentido da desproporcionalidade. A lógica retornou ao mundo.

 

Até que ponto a formulação deste pequeno texto é original? Não esgotei a literatura sobre o tema para dizer, com certeza, se há ineditismo ou plágio. Ficarei feliz se alguém da área responder a dúvida (e aqui entra uma das importâncias do trabalho coletivo).

 

Deve-se pensar profundamente ainda antes de contar com todo o aparato conceitual idealmente necessário, ainda que ocorra o risco relativo de reinventar a roda.



Fonte da imagem: https://www.eco.unicamp.br/noticias/complexidade-brasileira-abordagem-multidisciplinar