sábado, 24 de dezembro de 2016

É Possível Uma Solução Comunista Para o Brasil

É POSSÍVEL UMA SOLUÇÃO COMUNISTA PARA O BRASIL

 
O país está diante de uma normalidade anormal, uma duríssima crise do capitalismo. A quebra mundial, 2008, revelou uma superprodução crônica e uma hiperinflação do capital fictício, que não encontra água para beber no chão do mundo. As austeridades europeia e norteamericana reduziram drasticamente a capacidade de consumo, levando a tendência à recessão na China – principal fonte de exportação do país – e, com algum atraso, colocou o Brasil nesta órbita. A crise é nacional e, ao mesmo tempo, mundial; se a quebra das economias centrais gerou uma fuga inicial de capitais para nosso país, permitindo adiar a crise (redução de juros; minha casa, minha vida; aumento real dos salários; etc.); isto encerrou-se. Para manter e elevar a taxa de lucro e vencer concorrência, a burguesia está tentando aplicar duras medidas antitrabalhistas, ou seja, destruindo tanto quanto possível toda a dignidade dos assalariados. Considerado o todo, crise pode ser também oportunidade se – e somente se – soubermos como sair dela e qual a melhor forma de dela sair. Sobre este tema debateremos.

UMA MUDANÇA DE REGIME

Desde o momento em que Dilma aprovou a lei “antiterrorista” até o golpe jurídico-parlamentar, verificamos uma alteração, uma mudança no regime político brasileiro: de democracia burguesa presidencialista para semibonapartismo. Todos os ritos de legalidade foram quebrados: a justiça passa a legislar e criar “lei em movimento”, como a condução coercitiva, por fora da letra morta constitucional; os parlamentos sustentam-se nas mais cínicas manobras; vez ou outra, explodem tensões entre instituições; novas regras eleitorais fragilizam a esquerda; e o caráter repressor do Estado foi, enfim, fortalecido – tudo isso ocorre no mesmo momento em que as instituições estão desmoralizadas perante os trabalhadores. Trata-se de um regime de transição para uma ditadura ou para a democracia socialista.

Ao contrário do que supõe o raciocínio formal e das aparências, a causa desta mudança é mais do que as conspirações por poder. A causa das causas é a crise econômica: uma vez aqui instalada, estimula as mais variadas formas de luta de classes – greves, ocupações, protestos, “paneladas” da classe média aristocrática, voto nulo, etc. – o que tende, com algum atraso, a alterar a superestrutura, o regime político do Estado burguês ao mesmo tempo em que gera rachaduras internas neste e noutros organismos. Enfim, um cheiro incerto de guerra civil paira no ar, aqui e ali. Todas as manobras e bizarrices governamentais – todo golpe precisa de algum nível de conspiração – são a fumaça tóxica do pavio, do barriu de pólvora nacional e internacional.

Por isso, o golpe reacionário assim como junho de 2013 são nossos balizadores; são fatos centrais, manifestações de um mesmo processo. Com a demissão de Levy, a burguesia percebeu a incapacidade do governo Dilma de continuar a implementação do programa de ataques contra os trabalhadores, para aumentar os lucros patronais; mal o governo, à beira da queda e desprovido de apoio das massas, tentou um giro semi-keynesiano para agregar alguma moral e, então, começou o processo de sua derrubada. A classe trabalhadora viu-se confusa, o instinto classista pediu para aguardar: a maioria estava insatisfeita com o governo, mas tinha gratidão para com o lulismo por razão do período anterior, e desconfiou desde o início do processo de “impedimento”; se deixou de ir às ruas, foi por falta de direção decidida e firme. Assim, o golpe reacionário é uma transição, um ensaio geral para um futuro golpe contrarrevolucionário ao consolidar uma mudança “parcial” do regime (iniciada, reforçamos, pelo petismo).

Esta questão abriu, a partir dos protestos de classe média em 2015, um momento defensivo dentro de uma mesma situação. Estamos acuados. A burguesia brasileira mostra-se ao mesmo tempo inteligente e violenta: ora antecipa-se aos movimentos da classe trabalhadora por meio de algumas concessões e ora prioriza a repressão. Uma fração golpista e, no começo, minoritária surgirá nas Forças Amadas (já há oficiais de reserva falando disso publicamente em matérias jornalísticas); porém, é muito difícil aplicar um regime do tipo em países muito urbanos como Brasil – o fascismo revela-se melhor nessa tarefa. Caso não surja um partido do tipo nazista com alguma influência de massas; talvez surja uma mediação, um semifascismo apoiado no fanatismo evangélico, dando ares fundamentalistas ao próximo regime. Aos mais iludidos com a falácia “Estado Democrático de Direito”, alertamos que os fascismo – ainda – parlamentar de Bolsonaro tem já influência de massas entre a classe média, a pequena burguesia e pequenos comerciantes, em especial; por outro lado, a ditadura brasileira caiu por mediação, de modo prussiano ou “revolução passiva”, gradual, fazendo com que muitos trabalhadores pensem “quem sabe, um governo militar resolveria essa bagunça” – assim, o golpe contra o proletariado apareceria como um golpe contra a corrupção desmedida dos políticos. Como evitar isso? Movendo os trabalhadores por suas reivindicações de modo cada vez mais qualificado, colocando o aparato de repressão e sua baixa patente numa importante e vital contradição: seguir as ordem da burguesia e reprimir com sangue ou passar para o lado da maioria, dos irmãos de classe dos soldados e suboficiais.

Na mesma medida, a PT e o petismo desmoralizam-se numa velocidade maior que o lulismo, que também tende a encerrar-se; mas estas desmoralizações, embora desiguais, nada mais são que a desmoralização do próprio regime democrático burguês[1] expresso no oportunismo petista, serviçal dos patrões. Por outro lado, perderam também boa parte do apoio na burguesia; quer dizer, uma futura e necessária desmoralização de Lula é vital seja para uma ditadura burguesa, seja para mover a classe por sua revolução socialista. A realidade exige de nós máxima atenção e trabalho coletivo: esta instabilidade econômica, social e política tem seu limite, impossível alargá-la indefinidamente no tempo e deverá ser resolvida de um modo ou de outro.

POR QUAL CAMINHO?

O aumento expressivo do desemprego tem minado a força e a dignidade da classe trabalhadora; por outro lado, cada vez mais impaciente e estressada, ela espera a situação econômica melhorar. Mas mesmo os economistas burgueses falam em “crise secular”, em longa duração, em uma crise diferente, etc. Poderá haver apenas crescimentos econômicos anêmicos e de curta duração, pois, em realidade, a tendência constante é de crise e recuo civilizacional. Precisamos impedir este processo.
Em primeiro lugar lutando pelas pautas imediatas (contra a PEC 55, o negociado versus legislado, reforma da previdência, etc.); por generalização – origem comum – dos principais problemas sociais, propomos três palavras de ordem:

1.      Redução da jornada de trabalho, com os mesmos salários, na proporção a permitir “Desemprego Zero”;
2.      Boicote ao pagamento das dívidas públicas;
3.      Imposto progressivo: pagar mais quem ganha mais.

A primeira atrai os operários e os trabalhadores do setor privado – principalmente; a segunda, em principal o conjunto dos servidores públicos; a terceira, centralmente as classes médias. Ao mesmo tempo, estas palavras de ordem são palatáveis e boas para os três setores e tendem à confluência. Neste sentido, tendem a tirar nossa classe da situação defensiva em que se encontra – expressas no decair das lutas a partir de 2015 e nas lutas “apenas” por não perder diretos – e a colocar numa postura ofensiva, positiva.

O programa transicional procura revolver uma desigualdade, uma contradição entre consciência atrasada dos trabalhadores e a realidade necessitante de um novo sistema econômico-social. As propostas acima, quando articuladas – em principal, a primeira[2] –, parecem em si reformistas, porém são impraticáveis sob o capitalismo, ainda mais se este está em crise. O operário precário pensará: “o socialismo é uma proposta exageradas, mesmo sendo uma ideia bonita; já esta proposta daquele partido, de reduzir a jornada, é boa: os patrões não vão entregar os pontos com facilidade, então se tiver briga por essa ideia, que é mais realista e viável, se for brigar para vencer, não para fazer média, estou dentro.” O argumento do maior tempo livre e descanso e o aumento do consumo por aumento do número de empregados têm força: promoverá a união de empregados e desempregados numa luta comum – e nacional. No mesmo sentido, as consignas acima tendem a unir os setores não-capitalistas: por exemplo, a luta por imposto progressivo ensina à classe média e à pequena burguesia a ver e perceber o grande empresariado como seus inimigos, ou seja, tem classismo embutido. É de Trotsky de onde tiramos a afirmação de que é mais fácil o capitalismo cair a estas propostas serem, nesta sociedade, implementadas: o fim do desemprego, por exemplo, significará o fim da força de trabalho como mercadoria e, também, a redução do mais-valor, do trabalho não pago, do tempo em que o trabalhador trabalha de graça ao patrão, a tal ponto que o conflito distributivo gerará guerra civil[3].

Aqui, precisamos evitar alguns possíveis erros. Em primeiro, pouco agrega pensar o programa como uma longa receita de bolo onde há propostas sobre absolutamente tudo; em segundo, importante fugir da tendência a elaborar política para nos diferenciarmos uns dos outros, umas correstes das outras; em terceiro, condenar o desvio ultraesquerdista de propor palavras de ordem as mais radicais possíveis para a situação; em quarto, evitar o erro de caracterizar a conjuntura como marxista, mas propor saídas como reformista ou centrista. É a realidade quem nos diz o que fazer e elaborar; entre o real e o ideal, a política deve ser a ponte, a transição; por isso, por exemplo, se amanhã aparecer diante de nós uma hiperinflação, tentaremos unificar as lutas parciais por salários em uma única luta por “gatilho salarial” ou “aumento automático dos salários na mesma proporção ao aumento dos preços”. Duas ou três palavras de ordem devem guiar as ações: em todas as lutas parciais cabe à esquerda esclarecer exaustivamente e com a melhor linguagem possível que seus problemas e as do conjunto de sua classe têm origem na falta de redução da jornada, na dívida e no problema dos impostos. Enchamos o país de cartazes. Assim como num certo momento a ideia de “eleições gerais” começou a espalhar-se naturalmente, boca a boca; devemos dar o máximo impulso inicial e constante às propostas até que se tornem populares. Dito de outro modo e mais profundo, o país tem apenas duas alternativas: a burguesa, fascismo e deterioração da qualidade de vida dos trabalhadores; ou o socialismo.

COM QUAIS MEIOS?

Parece ser consenso entre a esquerda antipetista a necessidade de chamar uma greve geral. Assim como a burguesia chama reformas suas contrarreformas, a burocracia sindical europeia batizou “greve geral” suas paralizações nacionais de um dia. Esta Novi língua tem por objetivo confundir, dar alguma moral aos oportunistas e afirmar que “pelo menos fizemos algo”. Por consequência, este método de luta se desmoraliza, pois esvazia parte da tensão social sem obter alguma importante vitória. No mesmo sentido, a CUT tem ensaiado paralizações gerais ou dias de luta que enganam e empolgam apenas... a esquerda. A burocracia grita para si em grandes carros de som, canta músicas de protesto e faz ameaças verbais contra a patronal para depois, na calmaria dos escritórios, trair nossa classe. É um teatro “invisível” no sentido estrito. As caravanas à Brasília, reunindo apenas a vanguarda e afastando-a da base, vão no mesmo sentido performático e exigem muito esforço militante pouco produtivo.

Por isso, é importante evitar o mecanicismo. França e Itália são pequenos países, do tamanho ou menores que os estados da federação brasileira; podem organizar com alguma facilidade uma greve geral ou paralização, de fato, geral. Algo do tipo no Brasil teria consequências, boas ou ruins, mais intensas. Necessitamos preparar uma greve geral por tempo indeterminado, por propostas corretas, como as levantadas acima. Suponhamos que surja uma greve geral, mas ocorra por pautas não centrais para a conjuntura, que não empurrem a classe para a revolução; então, por consequência, a vitória se transformará em derrota, em reação burguesa assustada e redobrada logo depois deste evento. Evitemos o fetiche; a greve geral não é um fim em si mesmo e não traz qualquer vitória mecânica. Exemplo: na década de 1930, os operários franceses organizaram uma greve geral, com ocupações nacionais de fábricas, contra a hiperinflação, por aumento geral de salários; conseguiram esta importante vitória parcial, mas, logo depois, os capitalistas aproveitaram o recuo da classe para corroer os salários com mais inflação e com um aumento da repressão policial-militar – incluso bandos fascistas – sobre os trabalhadores e a sua vanguarda; naquele momento a palavra de ordem correta não era exigir aumento dos salários, e sim gatilho salarial. Dito isso, não é hora para puxarmos uma greve geral como método de luta: paralizações estaduais, greves gerais por setor, unificação de greves, três dias nacionais de luta por pautas concretas, protestos de rua, etc. são a transição necessária.

Suponhamos, no entanto, que o autor esteja errado, que é possível e necessário uma greve geral imediata. Mesmo assim, devemos recuar… Mais uma vez, um exemplo: em agosto de 1917, as condições eram maduras para a revolução socialista, porém o partido bolchevique evitou-a, incluso paralisando as greves que tendiam à guerra civil. Por quê? Porque era preciso antes ganhar os camponeses, pois apenas com o campesinato seria possível tomar o poder e, após isso, sustentar este poder, as consequências e a vitória; assim foi em outubro de 1917, pois apenderam com a derrota da revolução de 1905. Caso houvesse greve geral amanhã, a esquerda seria incapaz de absorver positivamente as consequências: somos muito minoritários, quase marginais em relação ao tamanho do país e das tarefas.

Para prepararmos esta greve geral revolucionária é preciso unidade de ação com todas as correntes possíveis e frente única da esquerda não petista. Os revolucionários buscam a unidade da classe, mas esta mesma unidade não se dará em abstrato, por fora das mais variadas organizações: enquanto não houver um partido revolucionário majoritário no Brasil, a unidade será a mediação necessária. No mais, vale lembrar que os bolcheviques puderam protagonizar a revolução russa porque contaram com uma frente única com os Socialistas Revolucionários de Esquerda, um partido centrista majoritário entre os camponeses pobres.

Assim também, não precisamos esperar que todos setores estejam ou estejam na mesma medida maduros para grandes batalhas preparatórias: basta-nos movermos grandes setores importantes, de vanguarda do proletariado, em torno das propostas e da esquerda para arrastar junto consigo e empolgar todos os demais setores da retaguarda prejudicados pela crise. Não se trata, portanto, de negar a greve geral – que deve ser desde já divulgada entre os ativistas como propaganda –, mas de prepará-la, de acionar exaustivamente esta palavra de ordem tão logo as demais se popularizem e na medida em que as lutas começarem a se generalizar[4].

Se conseguirmos; a partir do programa transicional, ao enfim puxarmos a proposta “greve geral até que nossas reivindicações sejam atendidas!”, ou a burocracia se moverá forçada pela base ou trairá e se desmoralizará, o que, nos dois casos, colocará a oposição de esquerda na possibilidade real de ser a nova direção majoritária das massas. Uma vez popularizadas as palavras de ordem transicionais e uma vez que, na medida em que movem a classe, estas propostas tomarão ares de greve geral e conflitos físicos acentuados[5]; então, depois e provavelmente apenas depois disso, estará colocada na ordem do dia a revolução social e a necessidade de organizar “comitês dos trabalhadores contra a crise” nos locais de trabalho e bairros e “autodefesa operária e popular” enquanto embriões de poder revolucionário[6] propostas pelos comunistas caso não surjam ou se generalizem de modo espontâneo; e serão organismos da greve geral ou consequências de sua aplicação. A realidade poderá sair, menos ou mais, do esquema geral? Poderá. Esquemas não são marxismo: neste parágrafo, aqui, oferecemos a tendência em geral[7] e adaptável para caso saibamos vencer, para caso as propostas – uma vez corretas – consigam ser implementadas. Se depois de amanhã a conjuntura mudar – em principal, sem que nela tenhamos intervido de modo decisivo –, deveremos mudar ou adaptar as consignas usando o mesmo método e buscando o mesmo objetivo (ver nota 4). Pois nossa época começa a ser marcada por mudanças bruscas e repentinas, exigindo teoria, apreensão da natureza geral e essencial dos fatos, antecipar as tendências (“dirigir é prever”, diz Trotsky), intuição, adaptabilidade, acúmulo de experiência prática, intimidade com o modo de vida dos trabalhadores, criatividade e, às vezes, improvisos; além de lideranças firmes, de iniciativa e ousadas. De qualquer modo, cedo ou tarde (ou tarde demais), haverá rebeliões dos assalariados; se serão espontâneas ou organizadas de maneira democrática junto aos comunistas significará toda a diferença entre derrota ou vitória, entre desmoralização ou resultado positivo – mesmo. Esta é uma lei histórica, até o momento, inquebrável, demonstrada por todo o século XX.

A SEMENTE NECESSÁRIA

Adiantamos que, além de ter razão, os comunistas e os trabalhadores precisam de seu próprio partido, condição sine qua non; daqui para frente, por vários meios poderemos dar um duplo mergulho nesta dura retração econômica: se China entrar em recessão, se houver alguma importante guerra, se os altos juros criarem uma crise financeira, se o excesso de capital-dinheiro gerar hiperinflação, se algum país imperialista quebrar na próxima manifestação da crise mundial, etc. Portanto, debatemos a conjuntura pensando o futuro: de um lado, a estratégia socialista; de outro, maior aprofundamento da crise em médio prazo. Neste momento, realidade e a classe operária precisam de gente dura mais que de mediadores, combatentes mais que diplomatas, radicais mais que moderados, coragem mais que estabilidade, “dizer na cara” mais que se fazer ouvido por troianos e gregos, ousadia mais que “mais do mesmo”, esclarecimento mais que fuga dos problemas, análises e discursos com propostas práticas acima dos debates como fim em si próprios, etc. Enfim, precisamos de rebeldes disciplinados, inteligentes, de verdade democráticos e responsáveis.

Acabou-se o tempo da pequena política, da manobra, dos jogos parlamentares, dos conflitos nucleares, das picuinhas, do girar-se sempre para dentro. A esquerda revolucionária conviveu com mais ou menos 20 anos de refluxo, de relativa calmaria; perdeu o adestramento, o brio e a ambição – basta ser revolucionário e “tocar a vida”. “Meu partido é bolchevique, mas não tem pretensões de ser o grande partido de massas” – pensa o militante ou o dirigente, embora sem perceber que assim pensa. Podemos e devemos pensar alto. Para vencermos é importante ter foco, evitar abraçar o mundo antes de, de fato, abraçá-lo: aqueles que “nada têm a perder” serão a vanguarda e precisam encontrar boas ideias. Aquela ou aquelas organizações que nos próximos três ou quatro anos estejam íntimas da classe operária não aristocrática, dos principais e maiores batalhões de assalariados, da juventude trabalhadora precária e da periferia serão lembradas por todo o sempre como os mais belos amantes da humanidade e da dignidade humana.









[1] Seja qual for sua forma – grega, burguesa ou socialista –, a democracia apenas prospera e se mantém a médio e longo prazos se há paz social, ou seja, qualidade de vida; além de correspondente concentração
humana, em especial, na urbanidade.
[2] A primeira proposta, digamos, contamina as demais, tornando-as transicionais. Portanto, esta hierarquiza as outras, é a principal; mas não, nesta conjuntura, a única necessária a ser levantada.
[3] Talvez, a oposição de esquerda ainda não tomou nota da importância dessa palavra de ordem porque é formada majoritariamente por estudantes e servidores públicos com – ainda – alguma estabilidade.
[4] Pode haver uma ou outra exceção a mudar a regra. Por exemplo: se o “negociado sobre o legislado” for devidamente denunciado entre os trabalhadores (antes de uma possível mudança de regime), poderá gerar revolta social plena, mais ou menos espontânea. Mas apenas poderá… Pois podemos prever apenas a tendência geral do rumo da realidade e suas possibilidades abertas, na medida em que as nem sempre previsíveis decisões humanas empurram para este ou aquele caminho. Da mesma forma, um golpe contrarrevolucionário no Brasil exigiria amplíssima unidade de ação – incluso greve geral – contra o golpe com setores petistas, burgueses democráticos, etc. A falta disso ou a implementação disso de modo por demasiado falho acarretará uma derrota histórica garantida. Este artigo, aberto este parênteses, foca na análise da conjuntura e política atuais e a tendência geral caso consigamos intervir de modo decisivo na luta de classes; portanto, amanhã decidiremos o amanhã – meios fixos para a estratégia é formalismo, antimarxismo. Em intervalos relativamente curtos, ano a ano ou a cada dois anos, ou diante de alguma mudança expressiva na realidade (golpe, etc.), os marxistas devem reforçar a análise e caracterização para avaliar se mantém ou mudam os aspectos gerais e os detalhes de sua política aprovada; em transições para situações revolucionárias, por outro lado, onde toda a história se acelera, e aceleram-se também suas contradições, a elaboração política multiplica sua centralidade – neste instante, o fator subjetivo, o partido, faz toda a diferença (para a vitória ou derrota).
[5] Incluso dos trabalhadores contra os pelegos, e vice-versa.
[6] Nossa tarefa é, então, ganhar o máximo de sindicados e, na primeira oportunidade, enfrentá-los e destruí-los. Pouco provável que esquerda se torne maioria nestes organismos burocratizados, conservadores e estatais. Vale lembrar que os mencheviques dirigiam a maioria dos sindicados em outubro de 1917; e os bolcheviques eram maioria nos organismo de luta e poder, nos soviets. No momento, mais importante do que dirigir organismos sindicais – tarefa que tem sua perigosa importância – é estar entrelaçados com os trabalhadores no cotidiano, nas lutas, nos organismos de luta que porventura surjam (comitês de fabrica, etc.) e, central, na disputa de consciência.
[7] Por exemplo: certo e claro que uma greve geral do tipo acarretará na tentativa de traição e capitulação desesperada por parte burocracia sindical de esquerda, sim ou sim.