quinta-feira, 16 de julho de 2015

PETROBRAS: Gestão Operária Como Proposta Anticorrupção




O escândalo da Petrobras arrasta-se a meses. O mega-esquema - um entre outros - influenciou o salto no desgaste do governo Dilma, do PT e do próprio regime. Afeta, em geral, todos os grandes partidos da ordem, mas o petismo é o centro do ataque da direita e da imprensa dos ricos. 

Agora o escândalo chega na segunda fase, a "Operação Politeia", onde a Polícia Federal procura antecipar provas contra políticos tradicionais, entre eles: Collor, Ciro Nogueira e Cunha. O poço é mais fundo, como era previsível.

Cada uma das alas da burguesia contam verdades pela metade e, por isso, também mentem. É fato que usarão o escândalo para fins privatistas - desgastando a imagem da empresa -, contra a soberania energética nacional; mas o PT usa o argumento para evitar denúncia reais. É fato igualmente, como diz as diferentes expressões da direita, que é um absurdo; esconde, no entanto, sua pouca santidade sobre o assunto. Garantiram, inclusive, em uma votação apressada, a legalidade do financiamento privado de campanhas eleitorais. É uma derrota da classe trabalhadora que as revelações não encerrem esta forma especialmente imoral de corrupção, a base do "lava-jato".

Por isso, qual saída a esquerda poderá apresentar? Politiza as greves na estatal, esclarecer a população sobre a natureza capitalista do "lava-jato" e denunciar o avanço da privatização parecem caminhos naturais, necessários. Mas qual será a proposta prática, pela positiva, de solução? Exigir investigação isenta, com a participação dos movimentos, pode ser positivo; porém é limitado.

A gestão estatal ou privada da Petrobras será sempre uma gestão burguesa, portanto, corrupta. Há uma clara intensão oportunista da burguesia. A empresa é parte central do folclore político dos trabalhadores. É o orgulho, a potência, a esperança, a esperada ação nacional rumo ao futuro. Esta identidade é um problema real aos empresários nacionais e estrangeiros. Trata-se, inclusive, conjuntamente, para eles, de uma ofensiva ideológica.

Esta relação permitiu sempre uma larga facilidade para defender - independente da conjuntura - que a Petrobras seja 100% estatal. Agora o dilema vai além. É uma questão do modelo de gestão. 

Propomos:

Que os funcionários elejam os dirigentes da empresa; 
Que os eleitos tenham, a qualquer instante, os mandatos revogáveis; 
Que aconteça assembleias de base quinzenais e mensais para o controle coletivo dos rumos da empesa;
Que exista um congresso bi-anual para decidir os rumos da empresa; 
Que esta seja 100% estatal e os trabalhadores possam escolher parte dos representantes dos seus fóruns congressuais.

Em Síntese: 

- Contra a Corrupção/Privatização, por uma gestão operária e democrática da Petrobras!

É visível, também, que a classe média - a pequena-burguesia - está insatisfeita. Com razão. Para resolver preconceitos ou desconfianças, explicaremos como a proposta gerará empregos e reduzirá o preço final do combustível e dos produtos. Estratos visivelmente prejudicados/precarizados, por razão da crise, tenderão à simpatia pela proposta.

Podemos abandonar a visão mecânica do programa de transição e adaptá-lo. A pauta da corrupção está na ordem do dia e podemos propor pela positiva, com propaganda e agitação.

Desde os sindicatos do setor e a esquerda, a proposta pode ganhar alta simpatia nesta conjuntura de crise e incertezas. No mais, independente do resultado final, fermentará a consciência dos trabalhadores para uma saída de poder alternativa.

Os acontecimentos atuais - a reação a eles - determinarão o futuro e a natureza da oposição de esquerda. Os terceirizados do setor petroquímico, por isso, podem fazer toda a diferença. A precarização é a antessala da radicalização. 

Foto: http://rondoniamanchete.com.br/economia/nao-ha-decisao-sobre-reajuste-da-gasolina-diz-petrobras/